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Relações tensas

China espionou EUA colocando microchips em servidores usados pelo governo

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(Foto: Pixabay)

A China inseriu secretamente microchips de vigilância em servidores usados por grandes empresas de tecnologia, incluindo Apple e Amazon.com, em uma audaciosa operação militar que provavelmente poderá inflamar ainda mais as tensões comerciais entre os Estados Unidos e sua principal fonte de componentes e produtos eletrônicos. 

Uma reportagem publicada pela revista Bloomberg Businessweek detalhou um esforço abrangente de anos para instalar os chips de vigilância em servidores cujas placas-mãe - os cérebros dos poderosos computadores - foram montados na China. 

Uma das empresas afetada teve seus servidores usados por clientes no governo dos EUA, incluindo centros de dados do Departamento de Defesa, navios de guerra da Marinha e a CIA em suas operações de drones. 

A extensão dos dados coletados pela China a partir dos chips de vigilância não ficou clara e não se sabe se foram roubadas informações desses clientes, segundo a Bloomberg Businessweek. Uma investigação secreta do governo dos EUA sobre o assunto, datada de 2015 e envolvendo o FBI, permanece em aberto. 

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A reportagem citou 17 fontes anônimas, incluindo especialistas da indústria e atuais e ex-funcionários do governo americano. O governo chinês, a Apple, a Amazon e outras empresas envolvidas contestaram o relatório à Bloomberg Businessweek, e as autoridades do FBI e da inteligência dos EUA se recusaram a comentar. 

Um funcionário do governo americano disse ao Washington Post confirmou a veracidade da reportagem da Bloomberg Businessweek. A pessoa falou sob condição de anonimato para poder discutir assuntos não aprovados para divulgação pública. 

As revelações ocorreram poucas horas antes de o vice-presidente Mike Pence fazer uma série de críticas à China em um discurso no Instituto Hudson, em Washington. Esperava-se que Pence emitisse uma série de críticas ao que o governo Trump considera um comportamento cada vez mais agressivo da China, incluindo alegações do presidente, na semana passada, de que o país está se intrometendo nas eleições de meio de mandato dos EUA. 

Os EUA e a China estão envolvidos em uma guerra comercial crescente, na qual centenas de bilhões de produtos norte-americanos e chineses estão sendo taxados. 

Preocupação crescente

A manipulação das cadeias de suprimento de eletroeletrônicos para as empresas dos EUA certamente irá aguçar questões de longa data sobre o relacionamento crucial, mas difícil, entre as duas principais economias do mundo. As empresas americanas projetam e vendem produtos de tecnologia líderes, como servidores, laptops e smartphones, que são construídos e montados, em grande parte, na China. 

As autoridades americanas há muito se preocupam com a possibilidade de que se insiram secretamente microchips alterados ou outros componentes em produtos e enviados para os Estados Unidos e outros lugares, abrindo portas para espionagem, a longo prazo, de usuários de computadores e de suas redes de informação. 

Operações de vigilância em hardwares alterados são mais difíceis de serem executadas do que o hackeamento de softwares. Os resultados podem ser mais difíceis de corrigir porque os componentes devem ser detectados e removidos fisicamente, ou o uso do hardware deve ser descontinuado. Os microchips de vigilância supostamente podem ter sido conectados a computadores externos e possibilitado secretamente a descarga de software para burlar as proteções de segurança em outros lugares, possibilitando a espionagem computadorizada remota. 

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A operação, que a Bloomberg Businessweek atribuiu a uma unidade militar chinesa especializada em hardware de hacking, funcionou inserindo um minúsculo microchip de aparência inócua nas placas mãe dos servidores produzidos pela Supermicro, uma das principais fornecedoras desses equipamentos, com sede em San Jose, na Califórnia. A empresa é americana, mas as placas mãe foram montadas principalmente na China. 

Tanto a Apple quanto a Amazon descobriram os chips de vigilância em 2015 e tomaram medidas para substituir os servidores afetados, de acordo com o relatório, que descreveu uma estreita cooperação entre os investigadores dos EUA e as empresas afetadas. O relatório apontou que dezenas de empresas podem ter usado servidores sabotados em seus data centers antes que a operação chinesa fosse detectada. 

Críticas e negativas

A Apple alegou ao Washington Post que a reportagem era imprecisa. "A Apple nunca encontrou chips maliciosos, manipulações de hardware ou vulnerabilidades propositalmente plantadas em qualquer servidor. A Apple nunca teve nenhum contato com o FBI ou qualquer outra agência sobre tal incidente. Não temos conhecimento de nenhuma investigação do FBI. “

A reportagem também citou negativa da Amazon Web Services (AWS), uma subsidiária de serviços na nuvem da Amazon, que em 2015 adquiriu uma empresa, a Elemental, cujos servidores supostamente foram afetados pela operação chinesa. 

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"Não é verdade que a AWS soube de um comprometimento na cadeia de suprimentos, um problema com chips maliciosos ou modificações de hardware ao adquirir o Elemental", disse a declaração da Amazon. "Também não é verdade que a AWS sabia sobre servidores que continham chips ou modificações maliciosas realizadas em centros de dados baseados na China, ou que a AWS trabalhou com o FBI para investigar ou fornecer dados sobre hardware mal-intencionado". 

A Supermicro disse em seu comunicado: "Não estamos cientes de qualquer investigação sobre esse assunto, nem fomos contatados por nenhuma agência governamental a esse respeito."

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