A China pediu nesta terça-feira (21) à Coreia do Norte que cumpra sua promessa de permitir a volta de inspetores nucleares da ONU ao país, como forma de aliviar as tensões internacionais em meio à atual crise com a Coreia do Sul.
Única aliada relevante da Coreia do Norte, a China tem continuamente defendido o diálogo como forma de resolver o impasse, e reluta em recriminar o vizinho pelo bombardeio do mês passado a uma ilha sul-coreana, que matou dois civis e dois militares.
Na segunda-feira (20), a Coreia do Sul realizou exercícios militares com munição real nessa mesma ilha, gerando temores de uma retaliação norte-coreana, o que não aconteceu.
No mesmo dia, o político norte-americano Bill Richardson retornou de uma viagem extraoficial a Pyongyang dizendo ter recebido a promessa de que o regime comunista local autorizaria a volta dos inspetores da ONU às suas instalações nucleares.
Aproveitando esse impulso, uma porta-voz da chancelaria chinesa disse em Pequim que 'a Coreia do Norte tem o direito de usar a energia nuclear para propósitos pacíficos, mas também ao mesmo tempo precisa autorizar a entrada dos inspetores da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).'
'Todas as partes devem perceber que os disparos de artilharia e a força militar não podem resolver as questões na península, e que o diálogo e a cooperação são as únicas abordagens corretas', acrescentou a porta-voz Jiang Yu.
Analistas dizem, no entanto, que a volta dos inspetores nucleares não garante a transparência do programa nuclear norte-coreano, já que possivelmente existem instalações atômicas secretas além da usina de Yongbyon, a única oficialmente declarada.
Recentemente, a Coreia do Norte exibiu a um cientista norte-americano centrífugas voltadas para o enriquecimento de urânio, o que poderia dar ao país um segundo caminho para a produção de armas atômicas, paralelamente ao enriquecimento de plutônio.
A Coreia do Norte rejeita desde 2002 a supervisão completa da AIEA, e em abril do ano passado expulsou todos os inspetores nucleares. Analistas dizem que o regime comunista costuma usar esse tipo de manobra para ter uma maior margem de barganha em eventuais negociações.
Os norte-coreanos já testaram armas nucleares, mas alegam que as suas novas atividades de enriquecimento de urânio estariam voltadas apenas para a produção de combustível nuclear civil.