O dalai-lama durante visita à Índia: Pequim condena viagem do líder a região próxima da fronteira com o Tibete| Foto: Diptendu Dutta/AFP

Budismo

Dalai-lama diz que visita à Índia não é política

Folhapress, em São Paulo

Tawang, Índia - O dalai-lama, líder espiritual tibetano no exílio, celebrou ontem uma audiência com cerca de 30 mil devotos durante uma visita qualificada de "não política" em uma região indiana próxima da fronteira com o Tibete, o que provocou protestos de Pequim.

O líder lotou um estádio de polo ao ar livre no Estado indiano de Arunachal Pradesh, no nordeste do país. "Compaixão e paz são as duas palavras que todos devem recordar", disse o dalai-lama ao abrir o encontro religioso, que deve durar três dias.

O líder budista ainda inaugurou um hospital em Tawang que, segundo suas próprias palavras, servirá para atender "as necessidades médicas dos aldeões". Hoje, depois de finalizar seu seminário, o dalai-lama irá para as cidades de Bomdilla, Dirang e Itanagar. Pequim, que considera Arunachal território chinês, condenou a visita de uma semana do dalai-lama à região e acusou o líder espiritual tibetano de querer provocar tensões nas relações entre Índia e China.

Ao desembarcar em Tawang anteontem, o dalai-lama rebateu as acusações da China e negou estar promovendo os distúrbios antichineses no Tibete. "Minha visita a Tawang é não política", disse o Nobel da Paz, de 74 anos.

As tensões entre Índia e China sobre a disputada fronteira no Himalaia se agravaram nos últimos meses, com informações sobre movimentações de tropas e incursões dos dois lados.

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Pequim - A China executou nove pessoas condenadas a morte após os distúrbios étnicos de julho passado em Xinjiang, Província chinesa de maioria muçulmana, informaram as autoridades regionais. Ao menos 197 pessoas morreram nos confrontos e na ação violenta da polícia para reprimir protestos.

"Nove pessoas que foram re­­centemente sentenciadas a pena e morte foram executadas sucessivamente, com a aprovação da Suprema Corte’’, declarou o porta-voz do governo de Xinjiang, Hou Hanmin. Ele não divulgou a data das execuções.

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Os protestos começaram em 5 de julho, poucos dias depois do linchamento, em 26 de junho, em uma fábrica em Shaoguan (Província de Cantão), onde morreram dois trabalhadores uigures e centenas ficaram feridos.

Segundo a imprensa chinesa informou então, o linchamento aconteceu depois que um ex-em­­pregado chinês, insatisfeito com a chegada dos uigures, espalhou um boato de que tinham abusado sexualmente de uma jovem.

A impunidade dos protagonistas do linchamento, operários da fábrica, provocou a ira dos uigures em Urumqi (capital de Xin­­jiang), que protagonizaram um protesto que gerou um conflito ét­­nico com a maioria chinesa han.

No mês seguinte, uma série de ataques com seringas contra hans ampliou a tensão na Província, que continua sob forte vigilância das forças de segurança chinesas.

Os uigures – uma etnia de ori­­gem turca, predominantemen­­te muçulmana – eram mais de 80% dos moradores da Província de Xinjiang (que hoje tem 20 mi­­lhões de habitantes), mas nas últimas décadas o governo de Pequim empreendeu uma política de imigrações de chineses han para a região.

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As minorias se queixam que membros da etnia han colhem a maioria dos benefícios dos investimentos e dos subsídios oficiais, enquanto fazem com que os mo­­radores locais sintam-se como estrangeiros.

Pequim luta para não perder o controle da região de Xinjiang, um território de vasto deserto e com abundantes reservas de pe­­tróleo e gás natural.