As autoridades do fisco de Pequim cobraram do artista dissidente Ai Weiwei, libertado recentemente após mais de dois meses de detenção, o pagamento de 12 milhões de iuanes (1,85 milhão de dólares) em impostos atrasados e multas, disse um amigo de Weiwei nesta terça-feira.
O artista chinês, de 54 anos, foi libertado sob pagamento de fiança na quarta-feira passada, um dia antes de o primeiro-ministro Wen Jiabao viajar para a Europa, onde Grã-Bretanha e Alemanha haviam criticado a detenção de Ai Weiwei. Na terça-feira, a chanceler alemã Angela Merkel saudou a libertação do artista ao se encontrar com o premiê chinês em Berlim.
O advogado Liu Xiaoyuan, que tem assessorado a família de Weiwei e é amigo do artista, disse que ele recebeu uma notificação na segunda-feira das autoridades exigindo o pagamento de 5 milhões de iuanes em impostos em atraso e de 7 milhões de iuanes em multas.
"Ele tem três dias para expressar por escrito qualquer opinião que possa ter", disse Liu à Reuters por telefone.
"De acordo com a lei de evasão fiscal... se ele não pagar, poderá ser submetido a um processo", acrescentou.
"Para uma soma grande como essa, poderá haver uma audiência", afirmou Liu, acrescentando que qualquer audiência aconteceria antes de 7 de julho. Ele não deu mais detalhes.
Ai Weiwei não pôde ser encontrado para comentar o caso. Dentro dos termos de sua libertação, ele não está autorizado a conversar com a imprensa. Membros da família também não estavam disponíveis.
A agência oficial de notícias Xinhua disse na semana passada que Ai Weiwei foi libertado "por causa de sua boa atitude em confessar seus crimes e também por sua doença crônica", citando a polícia.
Descobriu-se que uma empresa que a polícia disse ser controlada por ele sonegou uma quantia enorme de impostos e destruiu de propósito documentos de contabilidade, e a libertação de Ai Weiwei na semana passada ocorreu depois que o artista prometeu pagar as taxas que sonegou, segundo a Xinhua.
Analistas afirmam que a libertação de Ai Weiwei está longe de ser um sinal de mudança política do Partido Comunista.
As autoridades têm silenciado a dissidência com detenções sigilosas de mais de 130 advogados e ativistas desde fevereiro, em meio a temores de que os levantes anti-autoritários do mundo árabe deflagrem uma revolta na China.
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