A China anunciou nesta sexta-feira (23) que pretende “conter” a interferência de países estrangeiros sobre Taiwan e “combater resolutamente” qualquer esforço pela independência formal da ilha, que é considerada pelo governo chinês como parte de seu território.
A declaração, que foi veiculada pela mídia estatal, ocorre no ano em que se comemora o 75º aniversário da fundação da República Popular da China, sob o regime comunista.
A China tem aumentado sua pressão política e militar sobre a ilha, que se governa de forma independente desde 1949, quando o exército nacionalista se refugiou no local após perder a guerra civil contra os comunistas.
Segundo informações da agência Reuters, o atual vice-presidente de Taiwan, Lai Ching-te, já se ofereceu para dialogar com os chineses, mas não obteve sucesso. Lai foi eleito em janeiro para ser o próximo presidente de Taiwan defendendo uma plataforma pró-independência. Ele pertence ao Partido Democrático Progressista, considerado por Pequim como separatista, e assumirá o cargo em maio.
Citando informações da agência chinesa estatal Xinhua, a Reuters pontuou que um dos líderes mais importantes do Partido Comunista Chinês (PCCh), Wang Huning, realizou uma reunião de dois dias sobre assuntos relacionados a Taiwan neste ano, que terminou nesta sexta. Na ocasião, segundo a agência, Wang disse que era “necessário fazer um bom trabalho sobre o assunto de Taiwan com um alto senso de responsabilidade e missão”.
Wang, segundo informou a Xinhua, também disse que a China “deve combater resolutamente a divisão da independência de Taiwan, conter a interferência de forças externas, apoiar firmemente as forças patrióticas e de reunificação na ilha, unir os compatriotas de Taiwan e manter a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan”.
A interferência de forças externas, na ideia chinesa, geralmente se refere a questões como a venda de armas dos Estados Unidos para Taiwan e as visitas a Taipei de autoridades e parlamentares estrangeiros.
A Xinhua informou que o ministro das Relações Exteriores do regime da China, Wang Yi, também participou da reunião.
O governo de Taiwan diz que a China não tem o direito de representar o povo da ilha no cenário internacional e que, como a República Popular da China nunca governou Taiwan, suas reivindicações de soberania são nulas.
O movimento da China ocorre logo após os EUA aprovarem a venda de um equipamento militar de comunicação para Taiwan, que visa melhorar as capacidades de defesa da ilha frente às atividades militares da China. O sistema, chamado Link-16, permite a transmissão e o intercâmbio de informações táticas em tempo real entre as forças armadas aliadas.
A venda do sistema Link-16 aconteceu também em meio à visita de uma delegação de cinco congressistas americanos a Taiwan, liderada pelo republicano Mike Gallagher, um crítico ferrenho da China. Gallagher afirmou nesta quinta-feira (22) que qualquer tentativa da China de invadir Taiwan “fracassará” e elogiou a ilha por resistir ao que classificou como “intimidação” do Partido Comunista Chinês.
A delegação americana está em Taiwan para se reunir com a atual presidente Tsai Ing-wen, que deixa o cargo em maio, e outros altos funcionários do governo da ilha.