Autoridades chinesas libertaram o vencedor do Prêmio Nobel da Paz Liu Xiaobo, 61, vítima de câncer de fígado em fase terminal.
Liu Xiaobo, professor, intelectual e dissidente chinês, cumpria uma pena de 11 anos de prisão por "subversão" desde 2009, depois de ter sido um dos autores de um texto que defendia a democracia na China.
"[Xiaobo] está sendo tratado em um hospital de Shenyang [nordeste da China]. Não tem nenhum plano especial. Ele está apenas recebendo tratamento por sua doença", disse nesta segunda-feira (26) o advogado Mo Shaoping.
De acordo com Shaoping, a doença foi diagnosticada em 23 de maio e Xiaobo foi libertado sob condicional poucos dias depois. Ele ainda tinha três anos de condenação para cumprir.
O dissidente venceu o Nobel da Paz em 2010 por seu ativismo em defesa dos direitos humanos na China, quando já estava detido. Por sua ausência, o prêmio foi entregue de forma simbólica em 10 de dezembro do mesmo ano em Oslo. O ativista foi representado por uma cadeira vazia durante a cerimônia.
A atribuição do Nobel provocou indignação na China, que congelou as relações de alto nível com a Noruega, o que afetou as exportações de salmão norueguês a China. Os dois países normalizaram as relações em dezembro de 2016. Pequim classificou Liu Xiaobo de "criminoso".
Quando indagado sobre Liu, o Ministério das Relações Exteriores chinês, o único órgão do governo que responde perguntas da mídia estrangeira com frequência, disse não estar a par da situação.
Reações
Após o anúncio de sua saída da prisão, seus partidários expressaram preocupação com sua saúde, questionando o tratamento dado por Pequim e exigindo a libertação "incondicional".
"Liu Xiaobo foi diagnosticado com uma doença grave na prisão, onde ele nunca deveria ter estado", disse à agência de notícias AFP Patrick Poon, pesquisador da ONG Anistia Internacional.
"As autoridades chinesas devem garantir imediatamente que Liu Xiaobo receba tratamento médico adequado, com um acesso efetivo sua família", acrescentou Poon, que pediu uma libertação "imediata e sem condições".
Su Yutong, jornalista e ativista chinesa exilada na Alemanha, declarou estar "extremamente chocada e entristecida" com o destino de seu amigo. "As autoridades devem deixá-lo partir para o exterior para receber um tratamento adequado".
"Não se sabe se ele foi submetido na prisão a tortura ou tratamento desumano, mas (...) ele não podia escrever, nem falar, nem exercer a sua liberdade de pensamento. O que, como um intelectual, deve ter sido a pior tortura", afirmou Su.
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