A China tem sucursais ou “delegacias ilegais” nas cidades de Amsterdã e Roterdã desde pelo menos 2018, as quais também usa para monitorar e exercer pressão sobre dissidentes chineses residentes na Holanda, segundo revelou uma investigação jornalística publicada nesta terça-feira (25).
O programa de notícias holandês RTL Nieuws e o coletivo de jornalistas investigativos Follow the Money publicaram uma investigação que afirma que a polícia chinesa abriu pelo menos dois escritórios na Holanda, sem informar o governo do país, e “há fortes indícios de que as agências são usadas para pressionar os dissidentes chineses”.
Esses meios, que publicam fotos desses escritórios, explicam que eles são chamados de “delegacias no exterior” e os cidadãos chineses podem até mesmo renovar suas carteiras de motorista chinesas e relatar mudanças em seu estado civil, mas a investigação mostra que o governo holandês não recebeu qualquer notificação da China sobre esses escritórios.
Além disso, essas tarefas são reservadas para embaixadas ou consulados, regulamentados pela Convenção de Viena, adotada tanto pela China quanto pela Holanda.
Wang Jingyu, um jovem dissidente chinês, alertou que essas “delegacias” também estão tentando entrar em contato com cidadãos chineses críticos de Pequim e garante que ele próprio vem sendo perseguido pela polícia chinesa em Roterdã há três anos, acusado de “insultar heróis de guerra” por criticar o regime nas redes sociais.
“Ele me pediu para voltar à China para resolver meus problemas. Ele também me disse para pensar em meus pais”, disse Wang sobre uma ligação recebida do escritório de Roterdã. Além disso, o jovem denunciou que recebeu ameaças de morte e foi assediado na rua.
A polícia da região chinesa de Lishui teria aberto em junho de 2018 o primeiro escritório chinês em Amsterdã, premiado como um dos dez melhores em uma eleição interna do ano passado, e dirigido por dois homens que fizeram carreira na polícia chinesa, segundo um painel publicado pela RTL que mostra o chefe da delegacia e o prêmio recebido de Pequim.
Além disso, no início deste ano, a polícia da cidade de Fuzhou abriu outra sucursal, localizada em uma casa discreta em Roterdã, sem placa na fachada, segundo a investigação.
A China teria pelo menos 46 “delegacias no exterior” em várias cidades do mundo, de Dublin e Barcelona a Nova York e Ontário, segundo esta investigação. Um vídeo promocional oficial explica como essas agências estão ajudando a “reprimir atividades criminosas locais e ilegais em Fuzhou envolvendo chineses no exterior”.
O RTL e o Follow the Money iniciaram esta investigação após receberem dicas da organização espanhola de direitos humanos Safeguard Defenders e analisaram sites do governo chinês, mensagens públicas nas mídias sociais chinesas e artigos em páginas de notícias chinesas e publicações direcionadas a chineses nos Países Baixos.
Um porta-voz da chancelaria holandesa assegurou que estas agências são ilegais e alertou que as autoridades holandesas vão investigar “o que exatamente estão fazendo aqui e serão tomadas as medidas cabíveis”, ao mesmo tempo em que admitiu ter recebido informações da comunidade chinesa nos Países Baixos sobre ameaças a alguns críticos do governo chinês.
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