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Ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Joseph Wu, fala sobre fim das relações diplomáticas com Ilhas Salomão
Ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Joseph Wu, fala sobre fim das relações diplomáticas com Ilhas Salomão| Foto: SAM YEH/AFP

A China marcou mais um ponto em seu jogo para isolar Taiwan de seus parceiros diplomáticos. Nesta sexta-feira (20) Taipei se viu forçada a cortar relações com a nação de Kiribati, depois que o distante e estrategicamente importante país insular fez o mesmo.

Pequim quer isolar o governo taiwanês do presidente Tsai Ing-wen, que se opõe a uma integração política mais intensa com a China, antes das eleições presidenciais de 11 de janeiro na ilha governada democraticamente. A China considera Taiwan uma província separatista e ameaçou retomá-la a força.

Desde que Tsai assumiu o poder, em 2016, Pequim tem usado sua crescente influência e incentivos financeiros para diminuir constantemente a lista de parceiros diplomáticos de Taiwan. As Ilhas Salomão, também na semana que passou, trocaram alianças de Taipei para Pequim, juntando-se a El Salvador, Panamá, São Tomé e Príncipe, República Dominicana e Burkina Faso.

Taiwan disse que o governo de Kiribati o notificou na sexta-feira que estava encerrando as relações. Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores de Taiwan disse em um comunicado que "lamenta profundamente e condena fortemente a decisão do governo de Kiribati, que desconsidera a assistência multifacetada e a amizade sincera oferecida por Taiwan a Kiribati ao longo dos anos".

O comunicado afirma que Pequim atraiu Kiribati a mudar o reconhecimento diplomático prometendo financiamento total para aviões e balsas comerciais. Ele disse que o objetivo de Pequim era destruir a soberania de Taiwan e forçar a ilha a aceitar um acordo de "um país, dois sistemas", semelhante ao sistema de governança de Hong Kong, um território chinês semi-autônomo.

Taipei disse que estava encerrando toda a cooperação bilateral e retirando seu pessoal diplomático, técnico e médico de Kiribati.

Pressão

Taiwan se separou do continente em 1949, quando as forças comunistas invadiram a China, forçando os nacionalistas a fugir para a ilha. Com a decisão de Kiribati, apenas 15 países reconhecem Taiwan como o governo legítimo da China.

A China, que se opõe veementemente a qualquer movimento que leve Taiwan à independência, disse nesta sexta-feira que aprecia muito a decisão de Kiribati de restabelecer os laços com Pequim.

"Apoiamos essa importante decisão de Kiribati como nação soberana e independente", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Geng Shuang, a repórteres. "Existe apenas uma China no mundo, e o governo da República Popular da China é o único governo legal que representa toda a China". A emissora estatal chinesa CCTV apreciou os dois golpes diplomáticos na mesma semana.

A iniciativa de Pequim de eliminar os parceiros diplomáticos de Taiwan alimentou preocupações em Washington e entre aliados dos EUA, como a Austrália. O senador Marco Rubio, crítico proeminente do Partido Comunista Chinês, disse que iria explorar maneiras de penalizar as Ilhas Salomão por cortar relações diplomáticas com Taiwan.

Kwei-bo Huang, vice-reitor de assuntos internacionais da Universidade Nacional ChengChi em Taiwan, disse que a campanha diplomática da China é um esforço para impedir o movimento de independência de Taiwan e interromper a "atitude de apoio cada vez mais destacada dos Estados Unidos em relação a Taiwan" nos últimos anos.

Kiribati

Kiribati ocupa uma localização estratégica no meio do Oceano Pacífico, aproximadamente a meio caminho entre os Estados Unidos e a Austrália. Austrália tem sido um dos principais financiadores das nações do Pacífico, mas Pequim está desafiando essa posição, equanto oferece doações, empréstimos e investimentos às nações insulares da região.

Geng, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, disse na sexta-feira que as relações entre a China e os países insulares do Pacífico estão desfrutando de "rápido desenvolvimento".

Remota e escassamente povoada, Kiribati abrange uma vasta área marinha e abriga ricos pesqueiros. No entanto, o país é subdesenvolvido mesmo para os padrões do Pacífico e depende de ajuda externa, que representam cerca de um terço das finanças do governo em 2016, segundo o CIA World Factbook.

O país é talvez mais conhecido como o cenário de sangrentos combates durante a Segunda Guerra Mundial, quando as forças americanas derrotaram os japoneses na Batalha de Tarawa. Mais tarde, os Estados Unidos e o Reino Unido realizaram testes nucleares no arquipélago durante a Guerra Fria, deixando um legado de contaminação radioativa.

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