O governo chinês se dispôs pela primeira vez a pagar indenização à família de uma das vítimas da repressão aos protestos pró-democracia da Praça Tiananmen (Praça da Paz Celestial), que completará 22 anos no sábado, segundo carta assinada por 127 mães de vítimas do massacre. Segundo o grupo, a oferta de Pequim foi rejeitada por ter sido feita de maneira secreta - durante visita à família de representantes do Departamento de Segurança Pública - e por ignorar reivindicações de esclarecimento das circunstâncias em que as mortes ocorreram.
"Os visitantes não falaram sobre divulgar a verdade, realizar investigações judiciais ou dar explicações sobre o caso de cada vítima. Em vez disso, eles apenas levantaram a questão de quanto pagar, enfatizando que isso se aplicava àquele caso individual e não ao grupo de famílias como um todo", escreveu a mãe no documento.
A carta observa que as repetidas tentativas de diálogo dos últimos anos foram ignoradas pelas autoridades. "Neste ano, o silêncio finalmente foi quebrado. Isso deveria ser celebrado. Mas o que a tardia resposta significa? Se as autoridades querem resolver a questão com dinheiro e por baixo da mesa, que tipo de resultado isso pode produzir?", questionam as mães.
Os protestos de 1989 na Praça Tiananmen representaram o maior desafio ao Partido Comunista desde sua chegada ao poder, em 1949. O catalisador do movimento foi a morte do líder reformista Hu Yaobang. Logo depois da morte dele, milhares de pessoas ocuparam a praça, que está no coração político de Pequim, para homenageá-lo. Em poucos dias, o movimento canalizou reivindicações por democracia, fim da corrupção e melhores condições de ensino. Não há um número oficial de mortos, mas a Anistia Internacional estima que seja próximo de mil.
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