A China pediu aos Estados Unidos que cancelem imediatamente os planos para um encontro entre o presidente Barack Obama e o dalai-lama, programado para a próxima semana. Segundo Pequim, essa reunião pode piorar os laços bilaterais. As relações entre os dois países já enfrentam algumas divergências, em temas como comércio e vendas de armas de Washington para Taiwan.
"Nós pedimos aos EUA que compreendam totalmente a grande delicadeza dos temas relacionados ao Tibete, honrem seu compromisso de reconhecer o Tibete como parte da China e se oponham à 'independência tibetana'", afirmou um porta-voz chinês do Ministério das Relações Exteriores.
Ele fez as declarações horas após Washington anunciar o encontro entre Obama e o líder espiritual do Tibete no dia 18, na Casa Branca. A China acusa o dalai-lama de trabalhar pela independência do Tibete, o que ele nega. Obama tem sido pressionado para se encontrar com o dalai-lama, após adiar o evento em outubro.
Os EUA devem cancelar a reunião "para não causar mais estragos na relação" com a China, advertiu o porta-voz em comunicado. Ele não especificou quais seriam as consequências do encontro. O presidente chinês, Hu Jintao, estuda a possibilidade de visitar Washington em abril.
Um porta-voz da Casa Branca afirmou que Obama aguarda para ter um "diálogo construtivo" com o dalai-lama. Segundo o funcionário os dois países têm uma relação madura e seria possível entender diferenças em alguns temas.
Pacote de armas
A China fez várias críticas ao anúncio de Washington de que pretende vender um pacote de US$ 6,4 bilhões em armas para Taiwan, uma ilha que se autogoverna, mas Pequim considera seu território. Além disso, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, pediu que Pequim investigue ataques de hackers contra o Google, o que levou a empresa norte-americana a ameaçar deixar a China. Obama ainda critica a política cambial chinesa.
O dalai-lama fugiu do Tibete em 1959, após uma fracassada insurgência contra a China. Agora, é o líder do governo tibetano no exílio na Índia. Pequim geralmente critica os encontros entre o dalai-lama e líderes de outros países. Todos os presidentes dos EUA nas últimas duas décadas se encontraram com o dalai-lama que é bastante apoiado nesse país. Essas reuniões são vistas como uma mostra do compromisso norte-americano com os direitos humanos. Obama comunicou aos líderes chineses, no ano passado, que se encontraria com o dalai-lama.