A China impulsionou as negociações da conferência climática da ONU nesta sexta-feira ao confirmar sua disposição de aderir a um tratado que imponha a obrigatoriedade de uma redução nas suas emissões de gases do efeito estufa. O anúncio pode ser decisivo para salvar as negociações em torno do futuro do Protocolo de Kyoto, segundo observadores.
Delegados de mais de 190 países estão reunidos em Durban, no leste da África do Sul, para tentar resolver um impasse que já dura quatro anos na busca por um novo tratado climático, já que a primeira fase de Kyoto expira no fim de 2012.
"Não descartamos a possibilidade de (um tratado) juridicamente vinculante. É possível para nós, mas depende das negociações", disse a jornalistas, em inglês, o negociador chinês Su Wei.
Os três maiores emissores mundiais de gases do efeito estufa - China, Índia e Estados Unidos - não assumiram compromissos de redução de emissões sob o Protocolo de Kyoto, e ao menos por enquanto se recusam a aceitar metas obrigatórias para o futuro.
Na atual situação, existe a possibilidade de que, a partir de 2013, nenhum país tenha obrigação de controlar suas emissões dos poluentes ligados ao aquecimento global.
A União Europeia, que em 1997 aceitou as metas de redução de emissões previstas no Protocolo de Kyoto, disse que só participará de uma segunda etapa se todos os grandes países emissores também se comprometerem com cortes obrigatórios a partir de 2020.
"Como a UE é o único grupo que está preparado para considerar um segundo período de compromissos (sob o Protocolo de Kyoto), estamos prontos e dispostos a nos envolvermos construtivamente com a UE", disse Su.
Li Yan, ativista do Greenpeace da China, disse que seu país "está tentando chegar a um meio-termo, especialmente com a Europa, que precisaria se reconciliar com as prioridades da China para a conferência, que são um segundo período de compromisso sob o Protocolo de Kyoto e a operacionalização do Fundo Climático Verde".
A China deseja negociações para criar rapidamente um fundo com a intenção de arrecadar até 100 bilhões de dólares por ano por volta de 2020. Esse dinheiro deve ser usado para a adaptação e mitigação da mudança climática em países pobres.
O prazo está se esgotando para um acordo que leve a cortes significativos nas emissões de gases do efeito estufa, e cientistas alertam para graves consequências caso a temperatura mundial continue subindo.
Também na sexta-feira, o negociador europeu Tomasz Chruszczow disse que o plano da UE de negociar o acordo até 2015, para que ele entre em vigor até 2020, está "ganhando tração".
Anteriormente, a China defendia metas compulsórias de redução das emissões apenas para países ricos, e não para si mesma.
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