O artista plástico Ai Weiwei não poderá sair de Pequim por pelo menos um ano, período no qual estará proibido de dar entrevistas e de escrever no seu blog e em sua conta no Twitter, que eram os seus principais instrumentos de crítica ao Partido Comunista. Essa foi a condição imposta para sua libertação, disse nesta quinta-feira (23) o próprio artista em conversa telefônica com o jornal O Estado de S. Paulo.
"Eu não sabia que seria solto até o último momento e obviamente estou muito feliz", declarou Ai, ressaltando que estava impedido de falar sobre sua prisão e soltura. O artista disse que não poderia fazer comentários sobre a informação da agência oficial de notícias Nova China de que ele teria confessado "seus crimes" - oficialmente, ele era acusado de sonegação fiscal.
Tampouco está claro se as restrições a seu principal instrumento de ação política - a palavra - serão levantadas no prazo previsto. "Daqui a um ano, eles vão ver", observou Ai. Seu blog e Twitter tinham milhares de seguidores e eram o espaço no qual ele denunciava arbitrariedades e demandava explicações sobre fatos que o partido gostaria de esquecer. A morte de quase 6 mil alunos de escolas primárias e secundárias no terremoto que atingiu a Província de Sichuan em 2008 foi um dos principais elementos de tensão na relação entre Ai e as autoridades chinesas.
Na avaliação de Jerome Cohen, da Faculdade de Direito da Universidade de Nova York, a soltura de Ai, mesmo sob condições, é "o melhor resultado que se poderia esperar nas circunstâncias desse caso". Cohen é especialista em legislação chinesa e acompanha a situação dos milhares de presos políticos do país - quase todos sem a projeção internacional que provavelmente ajudou a colocar fim à prisão do artista plástico. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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