Pequim A China prometeu ontem participar mais ativamente do desenvolvimento da África, duplicando sua ajuda financeira em três anos e anulando parcialmente a dívida, no primeiro dia da conferência sino-africana de Pequim. Ao abrir a maior reunião diplomática já organizada pela China, que conta com a participação de mais de 40 chefes de Estado e de governo africanos, o presidente Hu Jintao anunciou uma série de medidas para uma cooperação "em que todas as partes saem ganhando".
"A conferência é uma plataforma de diálogo importante e um mecanismo eficiente para levar adiante um diálogo coletivo... e reforçar a confiança mútua e a cooperação entre a China e os países africanos", declarou Hu Jintao.
Sem revelar a quantia exata, o presidente chinês assumiu o compromisso de multiplicar por dois a ajuda financeira à África daqui a 2009. Pequim também prometeu desbloquear uma série de empréstimos com taxas de juros preferenciais totalizando 3 bilhões de dólares.
A China, quarta economia mundial mas também "o maior país em desenvolvimento", segundo Hu, anulará a dívida dos países mais pobres através da instalação de empréstimos governamentais sem juros. Em cerca de 50 anos, a China já reduziu as dívidas de 31 países africanos entre os mais desfavorecidos em uma quantia estimada em 1,36 bilhão de dólares.
"A China sempre será o bom amigo e o bom irmão da África", clamou o presidente chinês durante seu discurso de boas-vindas em Pequim, respondendo indiretamente a algumas críticas ocidentais acusando o regime comunista de contribuir para o endividamento de países pobres. "Nosso encontro de hoje entrará na História", afirmou, considerando que, "sem paz entre China e África, não haverá paz no mundo".
O chefe do estado também anunciou uma verba de 5 bilhões de dólares para incentivar os investimentos de companhias chinesas na África, e assumiu o compromisso de abrir seu mercado aos produtos africanos. O número de produtos isentos de direitos aduaneiros passará assim de 190 atualmente a 440.
De três a cinco zonas de cooperação econômica e comercial também serão criadas na África, disse ele. Antes de seu discurso, o número um chinês recebeu um por um, durante mais de meia-hora, os representantes dos 48 países convidados. As redes de televisão chinesas retransmitiram a cerimônia ao vivo em todo o país.
A cúpula, que termina hoje, é a terceira e mais importante edição do Foro sobre a Cooperação China-África (FCCA), aberto em 2000, tanto pelo número de altos dirigentes presentes quanto pela repercussão midiática dada a ela pela China.