O governo da China convidou internautas céticos a ajudarem na investigação da morte de um prisioneiro que, segundo a polícia, bateu a cabeça contra uma parede, vendado, durante uma brincadeira de esconde-esconde, anunciou a imprensa estatal nesta sexta-feira (20).
Li Qiaming, 24, morreu de lesão cerebral severa quatro dias depois de ter sido enviado ao hospital de um centro de detenção em Yunnan, uma província no sudoeste da China, disse a "Beijing News". Ele havia sido detido por cortar árvores ilegalmente.
A causa de morte fornecida pela polícia foi amplamente questionada na internet. "Convidamos internautas a investigarem o caso no local e esperamos que eles cheguem a suas próprias conclusões e difundam a informação que virem com seus próprios olhos junto ao maior número possível de pessoas", disse Gong Fei, secretário de propaganda do governo de Yunnan.
"É a primeira vez em Yunnan, e talvez na China, que os internautas são convidados a participar de uma investigação," acrescentou, de acordo com a agência oficial de notícias Xinhua.
Dúvidas
Os internautas chineses também expressaram ceticismo quanto ao número oficial de mortes anunciado depois de uma série de colisões de veículos na província de Shandong uma semana atrás.
"Devido à neblina, houve 21 acidentes, envolvendo 47 veículos. Em um dos acidentes, cinco pessoas morreram", anunciava uma comunicado no site da Administração Estatal da Segurança no Trabalho, sem oferecer detalhes sobre o número de vítimas fatais nas outras 20 colisões.
A mídia estatal afirmou que o total de mortes era de cinco, mas muitos usuários da web, que alegam ter testemunhado um ou mais dos acidentes, estimam o total de mortes em mais de 30, e postaram na rede fotos sangrentas que alegam terem sido obtidas nos locais.
Internet populosa
A China, o mais populoso país do mundo, tem o maior número de internautas do planeta - 298 milhões de usuários no final de 2008, com alta de quase 42% ante o ano anterior.
As autoridades chinesas mantêm a internet sob rédea curta, lançando campanhas de repressão ao que veem como conteúdo "vulgar", que varia de pornografia a questões politicamente controversas, mas também mantêm a atenção quanto a tópicos muito debatidos, em busca de sinais de possível inquietação.