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A Argentina quer superar seus problemas de fornecimento de energia elétrica com a construção de mais uma usina nuclear, desta vez contando com apoio chinês.
Essa seria a terceira usina nuclear em Atucha, reiniciando uma parceria que foi discutida entre 2014 e 2017.
Nesse período, a China já mostrava interesse na Argentina para a expansão de energia nuclear no país, que já passava por uma crise econômica. A China queria fornecer capital subsidiado para construção de um projeto de longo prazo e de alto risco.
As negociações foram iniciadas pela ex-presidente Cristina Kirchner e continuadas pelo ex-presidente Mauricio Macri, que até chegou a assinar um plano de ação com o presidente chinês Xi Jinping para cinco anos (2019-2023), mas o projeto nuclear entrou num impasse e não recebeu aprovação formal da Argentina.
Agora o presidente argentino Alberto Fernández que reativar o projeto.
Somando toda a capacidade geração dos reatores atuais, as usinas argentinas são capazes de gerar 1.641 MW, representando 7,5% da energia do país. A nova unidade deve gerar 1.200 MW e utilizará tecnologia chinesa Hualong, quase dobrando sozinha a capacidade de produção.
O país tem até agora 3 usinas nucleares, Atucha I e II e Embalse. A Atucha III será a quarta usina nuclear da Argentina, construída nas proximidades de duas outras estações de mesmo nome e que já estão em operação. Essa será, porém, a primeira a contar com tecnologia de reatores chineses.
José Luis Antúnez, presidente da estatal Nucleoeléctrica Argentina SA, estatal responsável pela energia nuclear do país, afirmou à imprensa argentina em meados de agosto que tem pressa em concluir as negociações e formalizar o contrato para “iniciar a construção no segundo semestre do próximo ano”.
Não se sabe ainda os valores da nova negociação. O contrato anterior previa um custo de US$ 8 bilhões para a construção da Atucha III, com o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC) financiando 85% do projeto.
O prazo da construção da usina é de 8 anos a partir da assinatura do contrato. E serão cerca de 5 mil trabalhadores que serão empregados na construção da usina.
Esse não é, contudo, o único interesse na produção de energia que a China possui na Argentina.
Produção de gás
O Ministério de Energia assinou em maio desse ano um memorando de entendimento para estudar a viabilidade para construção de um gasoduto que liga Vaca Muerta a Santa Fé (província próxima do Rio Grande do Sul). Além de alimentar a região, o gasoduto permitiria que a Argentina exportasse gás para o Mercosul no longo prazo.
Duas estatais chinesas seriam responsáveis por financiar o projeto a PowerChina e a Shanghai Eletric Power Construction. O memorando assinado pelo secretário de Energia, Darío Martínez, visa iniciar a elaboração do projeto executivo.
O presidente da filial argentina da PowerChina, Tu Shuping, afirmou ao La Nación que o mercado de energia é “de muito risco e pouco lucro, mas não olhamos apenas para o interesse econômico. Como estatal, vemos também a relação estratégica”.
O custo total da obra é estimado em US$ 3 bilhões de dólares que seriam financiados com bancos chineses.
Caso se concretize, esse seria o 12.º projeto da PowerChina na Argentina, que possui cinco parques eólicos e seis solares.