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Os cinco países que compõem os Brics - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - se reunirão na próxima quinta-feira (23) em uma videoconferência presidida pelo ditador chinês, Xi Jinping. Desta vez, os "cinco grandes" devem discutir sobre a adesão de outros países, conforme adiantou o porta-voz chinês Wang Wenbin.
Uma reunião de preparação para a 14ª Cúpula dos Brics aconteceu em 19 de maio, seguida por discussões com representantes da Argentina, do Egito, da Indonésia, do Cazaquistão, dos Emirados Árabes Unidos, da Arábia Saudita, da Tailândia, do Senegal e da Nigéria. Esses são, portanto, possíveis candidatos a novos membros do grupo.
De acordo com Wenbin, o objetivo chinês através da expansão dos Brics é "injetar mais energia positiva em um mundo turbulento e cheio de desafios" e "encorajar a comunidade internacional a se interessar pelo desenvolvimento global com ações práticas".
O jornal Global Times, periódico em inglês que está sob responsabilidade do periódico controlado pelo Partido Comunista Chinês, China Daily, justificou que a intenção de Xi Jinping é construir um contrabalanço ao G7, grupo dos países mais ricos do mundo, e organizar um "sistema de governança global equitativo, em vez de um sistema dominado pela hegemonia americana”.
Na Cúpula dos Brics, a China pretende também colocar em pauta a desvinculação do mercado internacional ao dólar, conforme adiantou Wenbin. Com a intenção de promover a moeda chinesa, Pequim tenta, ao mesmo tempo, preparar-se para enfrentar possíveis sanções internacionais caso haja maiores conflitos em Taiwan, a exemplo das punições sofridas pela Rússia devido à invasão da Ucrânia. O assunto, no entanto, em vez de fortalecer os Brics, tem enfrentado divergências entre os países do agrupamento.
China tem limitações
No jornal alinhado com a ditadura chinesa, China Daily, o economista Chen Fengying avalia que os Brics "devem se proteger contra possíveis atritos causados por demandas diferentes ou por interesses conflitantes entre os participantes”.
Na reunião de maio, ficou evidente a presença de divergências entre os países. Em relação à guerra na Ucrânia, dos 14 países participantes, sete votaram a favor das resoluções da ONU, seis se abstiveram e a Rússia, naturalmente, votou contra.
Outra barreira às intenções imperialistas da China é a afinidade de países do Sul às prioridades do Ocidente. Além dos já integrantes dos Brics, Índia e África do Sul, outros participantes da última reunião - Argentina, Indonésia e Senegal - foram convidados pelo G7 a participarem do encontro do grupo que acontecerá na Alemanha, no próximo dia 26. Dificilmente, esses países estarão de acordo com a formação de uma frente "anti-G7".
A briga individual da China com o G7
Através dos Brics, a China pretende reforçar a briga individual do país asiático com os mais ricos do mundo. Em maio, Zhao Lijian, porta-voz do Ministério Relações Exteriores da China, fez uma extensa declaração ao grupo dos sete países mais ricos. "O G7 faz alegações absurdas, interfere grosseiramente nos assuntos internos da China, calunia e difama maliciosamente a China", disse Lijian. Ele também exortou o grupo a "salvaguardar o verdadeiro multilateralismo", parar de "criar confrontos e caos no mundo".
O episódio aconteceu após o anúncio de preocupação do G7 com o processo de seleção do novo presidente de Hong Kong, em relação às liberdades fundamentais na antiga colônia britânica.
Em junho do ano passado, o Grupo dos Sete também questionou a China sobre os direitos humanos na região de maioria muçulmana de Xinjiang, pediu para que Hong Kong mantivesse um alto grau de autonomia e destacou a importância da paz e da estabilidade em todo o Estreito de Taiwan. Em resposta, a embaixada da China em Londres disse se opor firmemente ao proposto pelos países do G7. "Eles distorceram os fatos e expuseram as intenções sinistras de alguns países como os Estados Unidos”, pontuaram os representantes chineses.