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A China reiterou no fim de semana que vai manter sua estratégia de Covid-zero, que estipula rígidos lockdowns em bairros e até cidades inteiras quando apenas alguns casos da doença são registrados, mesmo diante da repercussão de duas mortes ocorridas no país na semana passada.
“A prática provou que nossa política de prevenção e controle da pandemia e uma série de medidas estratégicas estão completamente corretas, e são as mais econômicas e eficazes”, disse Hu Xiang, alto funcionário das autoridades de saúde chinesas, em entrevista coletiva no sábado (5).
“Devemos aderir ao princípio de colocar as pessoas e as vidas em primeiro lugar, e a estratégia mais ampla de impedir a importação de casos de surtos externos e internos.”
Em outubro, durante o 20º Congresso do Partido Comunista da China (PCCh) que lhe abriu o caminho para um inédito terceiro mandato, o ditador Xi Jinping já havia avisado que a política de Covid-zero permaneceria, mesmo que ela esteja colaborando para que a economia chinesa tenha este ano o segundo pior desempenho desde 1976.
Na semana passada, dois casos de mortes de pessoas em regiões sob lockdown geraram indignação nas redes sociais chinesas. Uma mulher de 55 anos que sofria de transtorno de ansiedade se jogou do 12º andar do apartamento onde morava na Mongólia Interior.
Segundo informações da CNN, a entrada do condomínio onde ela morava foi fechada com cercas no final de outubro, depois que dois casos de Covid-19 foram informados. Um vídeo, com imagens da filha de 29 anos que morava com a mulher pedindo ajuda e implorando para que autoridades de saúde permitissem que ela saísse para correr até o ponto onde a mãe havia caído, teve milhões de visualizações no Weibo, o chamado Twitter chinês.
Outra tragédia ocorreu na cidade de Lanzhou, no norte da China, onde um menino de três anos sofreu intoxicação por vazamento de gás em outro complexo residencial fechado pela Covid-zero.
Segundo relatos, o pai ligou quatro vezes para o serviço de emergência. Quando finalmente foi atendido, o funcionário disse que ele poderia receber apenas orientação médica online porque vivia numa área de alto risco para Covid-19.
O pai procurou funcionários de saúde na região, mas foi criticado por não usar máscara. Quando o menino finalmente foi levado a um hospital, cerca de duas horas depois dos telefonemas, a criança morreu logo após dar entrada na unidade.