O Conselho de Estado da China recomendou nesta quinta-feira às autoridades regionais o uso da medicina tradicional chinesa no tratamento contra a Covid, alegando que "ela tem desempenhado um papel importante desde o início da pandemia".
Em comunicado, o órgão executivo enfatizou que a medicina tradicional tem uma "abundância de matérias-primas" e uma grande "variedade e aplicabilidade", além de processos "simples". No começo da pandemia, em março de 2020, a revista National Geographic noticiou que uma dessas matérias-primas era o líquido biliar de urso, o que incentiva o comércio interno de animais silvestres e, se está correta a hipótese de origem zoonótica do coronavírus, até arrisca a começar novas epidemias.
O texto aconselha que os tratamentos tradicionais devem ser classificados em diferentes categorias e aplicações, como "reduzir a febre" ou "aliviar a tosse" e que as prescrições devem ser "concisas, eficazes e apropriadas".
O órgão que é a principal autoridade administrativa da China pediu às autoridades regionais que combinem medicamentos chineses e "ocidentais" e os usem "de acordo com suas condições locais e com a oferta disponível".
Não há indicativo de que a "medicina tradicional" chinesa use métodos que aumentam o rigor das prescrições médicas, como as técnicas estatísticas usadas na ciência médica global. Medicamentos de hoje podem ter começado como práticas tradicionais. A aspirina, por exemplo, teve início como um chá da casca de salgueiro tradicional, mencionado por Hipócrates, fundador da medicina moderna, como um antipirético 400 anos antes de Cristo. As técnicas modernas servem para distinguir entre as práticas tradicionais que tinham um princípio ativo por trás e aquelas que não tinham. Não há evidências de que a bile de ursos possa ter efeito contra Covid-19.
As autoridades sanitárias na China argumentaram que a medicina chinesa se mostrou eficaz na redução do número de casos graves e mortes por Covid-19 e incluíram tratamentos como a acupuntura nos protocolos nacionais de prevenção e controle.
Desde que a China começou a desmantelar sua política de "Covid zero", no início de dezembro, uma onda de infecções resultou na escassez de medicamentos como o ibuprofeno em algumas cidades.
Hospitais de algumas delas, como a capital, Pequim, também têm estado sob pressão.
Na semana passada, a Organização Mundial da Saúde disse estar "muito preocupada" com a evolução da Covid na China e pediu "mais informações". As autoridades chinesas responderam que têm compartilhado seus dados "de forma aberta, pronta e transparente" desde o início da pandemia.
A Comissão Nacional de Saúde declarou na segunda-feira que, a partir de 8 de janeiro, a Covid deixará de ser uma doença de categoria A, o nível de perigo máximo e para cuja contenção são necessárias as medidas mais severas, para se tornar uma de categoria B, marcando assim o fim da política conhecida como "Covid zero" que estava em vigor há quase três anos.
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