A China anunciou nesta quinta-feira (23) que vai doar mais US$ 30 milhões à Organização Mundial da Saúde (OMS) em apoio ao combate à Covid-19, em um evidente antagonismo à postura do governo dos Estados Unidos, que decidiu suspender temporariamente o financiamento à entidade enquanto avalia a resposta da OMS à pandemia.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang, disse que a OMS, liderada pelo diretor-geral Tedros Adhanom Ghebreyesus, "cumpriu ativamente suas funções com uma posição objetiva, justa e baseada na ciência, e desempenhou um papel importante na assistência aos países na resposta ao surto e no estímulo internacional de cooperação quanto à Covid-19", segundo noticiou a agência de notícias estatal chinesa Xinhua.
Em março, a China já havia doado US$ 20 milhões à OMS. A contribuição anual do país à organização é de cerca de US$ 40 milhões, enquanto os Estados Unidos são o maior financiador único do órgão internacional, doando cerca de 10 vezes mais do que os chineses.
Segundo Geng, o apoio à OMS é uma "maneira de defender os princípios do multilateralismo e salvaguardar o status e autoridade nas Nações Unidas em um tempo crucial da batalha contra a pandemia".
Esse posicionamento faz parte de uma política diplomática que vem sendo implementada pela China desde que a epidemia de coronavírus começou a se espalhar pelo mundo. Analistas internacionais se referem à ela como "diplomacia das máscaras", devido à ajuda que o país vem prestando para vários países duramente atingidos pela Covid-19, com a doação e venda de equipamentos médicos, enquanto tenta reabrir a economia chinesa sem causar uma segunda onda da doença.
Nesta semana, líderes da OMS, inclusive o dr Tedros, pediram que os Estados Unidos reconsiderem a decisão de revisar o financiamento à entidade em prol da saúde pública global e "para salvar vidas". Porém, não parece que o governo americano esteja inclinado a uma mudança de postura. O conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Robert O’Brien disse na terça-feira (21) à NPR que a OMS é “uma ferramenta de propaganda” para Pequim e que o governo está investigando se financiamentos por parte da China influenciaram os julgamentos da OMS durante a crise do coronavírus.
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