O governo da China, que tem sido contrário a novas sanções ao Irã no Conselho de Segurança (CS) da ONU, concordou em participar de uma reunião nesta quinta-feira (8), em Nova York, para discutir medidas de punição ao país persa. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (7) pelo governo francês.
"Os chineses concordaram em falar amanhã em Nova York entre os seis", afirmou o ministro das Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner. Ele se referia ao grupo formado por Grã-Bretanha, China, França, Rússia e Estados Unidos - os cinco membros permanentes do CS da ONU -, mais a Alemanha.
Falando ao comitê de Relações Exteriores do Parlamento francês, Kouchner descreveu a postura chinesa como "um fator positivo" e uma "boa notícia". Ele não especificou qual a graduação dos funcionários presentes para esse encontro.
A embaixadora dos EUA na ONU, Susan Rice, disse à CNN que Pequim "concordou em sentar e iniciar discussões sérias" sobre a elaboração de novas sanções ao Irã. A China - principal consumidora das exportações iranianas de petróleo e firme defensora da soberania nacional no cenário mundial - insiste estar apenas buscando uma saída pacífica para o impasse causado pelo programa nuclear iraniano.
Teerã diz ter somente fins pacíficos em seu programa nuclear, como a produção de eletricidade. Já nações como EUA e França temem que o país persa busque secretamente armas atômicas.
Críticas
Ainda nesta quarta-feira, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Manouchehr Mottaki, advertiu o CS da ONU para que não puna um país "por um crime que ele não cometeu". Segundo a agência estatal Press TV, Mottaki também criticou o fato de o CS não tomar ações contra o programa nuclear de Israel nem contra ataques israelenses dos últimos anos na Faixa de Gaza e no Líbano.
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, criticou, em discurso transmitido pela televisão estatal, a nova política nuclear dos EUA. Washington anunciou as novas diretrizes ontem, restringindo o uso de armas atômicas, mas citando especificamente Irã e Coreia do Norte como possíveis exceções.
"Eu espero que esses comentários publicados não sejam verdade. Ele (Obama) ameaçou com armas nucleares e químicas aquelas nações que não se submetem à ganância dos Estados Unidos", avaliou Ahmadinejad. Além disso, o líder iraniano disse que, caso Obama "siga o caminho de Bush", ele receberá uma resposta "virulenta" das outras nações.
O ministro da Defesa iraniano, Ahmad Vahidi, afirmou que a intenção dos EUA era apoiar Israel e ameaçar o Irã. Já Mottaki qualificou a nova política nuclear norte-americana como "propaganda". O chanceler disse ainda esperar um acordo para troca de combustível nuclear. O acordo, mediado pela ONU, poderia resultar em maior controle do programa nuclear do Irã, reduzindo as chances de sanções.
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