O ditador chinês, Xi Jinping, na Cúpula dos BRICS em 2019, em Brasília.| Foto: EFE/JOÉDSON ALVES
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Em 1988, a China criou hospitais psiquiátricos geridos pelo Ministério de Segurança Pública, aonde costumavam ser enviados opositores da ditadura do país, mesmo sem nenhuma orientação médica. Entre 2012 e 2013, foram promulgadas leis que pretendiam impedir essas prisões arbitrárias na China, mas uma ONG espanhola mostra que essas detenções disfarçadas de internamentos hospitalares seguem acontecendo na ditadura chinesa.

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A Safeguard Defenders, instalada em Madri, registrou 99 vítimas entre 2013 e 2021 e irregularidades em 109 hospitais chineses. De acordo com um relatório publicado no começo desta semana pela ONG, esses números devem ser apenas "a ponta do iceberg".

Entre as vítimas, há 14 militantes políticos e 80 pessoas que, mesmo sem se mobilizarem politicamente, reclamaram de injustiças ou corrupções no país. De acordo com a ONG, uma jovem detida em 1999 por denunciar a ditadura chinesa foi levada a hospitais psiquiátricos mais de 20 vezes. Segundo o pai de Gu Xianghong, a vítima sofreu agressões físicas e foi obrigada a tomar medicamentos que causaram demência e problemas urinários. Ela permanece presa em uma dessas instalações.

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Na lista da ONG também está Jiang Tianlu, um homem que passou por mais de sete hospitais desde 2004, depois de ter denunciado oficiais que teriam agredido o pai dele até a morte. Tianlu ainda conta que foi preso enquanto levava a filha de sete anos para a escola e era obrigado a se drogar nesses hospitais psiquiátricos.

"O pior é que não existe data para sair. Você pode ficar em um desses hospitais por vinte ou trinta anos", disse Song Zaimin, um dos militantes que foi detido e é testemunha da ONG.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]