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Relatório do Pentágono

China tem a maior marinha do mundo e alcança os EUA em outros quesitos

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Bandeiras dos EUA e da China (Foto: JASON LEE / POOL / AFP)

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A China já alcançou e até superou os Estados Unidos em algumas áreas de modernização militar, informou o relatório anual do Pentágono sobre as forças armadas do gigante asiático, publicado na semana passada.

Segundo as autoridades de defesa dos EUA, o gigante asiático tem numericamente a maior força naval do mundo, com cerca de 350 navios e submarinos, enquanto a Marinha dos Estados Unidos tinha 293 embarcações no começo de 2020. Embora os EUA tenham a força naval mais poderosa do mundo – com seus 11 porta-aviões –  a China se destaca como o principal país fabricante de navios do mundo em tonelagem e está aumentando sua capacidade de construção para todas as classes navais.

Recentemente, colocou em operação seu segundo porta-aviões, o primeiro com tecnologia local, o que representou uma importante conquista em seus esforços para construir uma potência naval. O terceiro porta-aviões já está em construção.

Outra conquista importante ocorreu em abril, quando a China lançou seu segundo porta-helicópteros Type 075, maior navio de assalto anfíbio do país e o terceiro maior do mundo, com capacidade de embarcar 900 fuzileiros navais, cerca de 30 helicópteros e cerca de 12 veículos de combate anfíbios que podem ser lançados a partir de seu convés.

Além de maior, a Marinha chinesa está ficando melhor. Nos últimos 20 anos, uma extensa modernização permitiu que embarcações limitadas e obsoletas fossem substituídas por “combatentes multifuncionais maiores e modernos”, informa o relatório destinado ao Congresso americano. “A partir de 2019, a Marinha do Exército de Libertação Popular [PLA, na sigla em inglês], é amplamente composta por plataformas multifuncionais modernas com armas e sensores avançados de emprego antinavio, antiaéreo e antissubmarino”.

Outro exemplo da modernização das forças armadas chinesas é o desenvolvimento de lançadores terrestres de mísseis balísticos (GLBM, na sigla em inglês) e de mísseis de cruzeiro convencionais (GLCM). De acordo com o Departamento de Defesa dos EUA, o PLA tem mais de 1250 mísseis como estes, que alcançam uma distância de até 5,5 mil quilômetros - enquanto os EUA têm apenas um tipo de míssil GLBM, limitado a um alcance máximo de 300 quilômetros, e nenhum GLCM.

Os analistas do Pentágono estimam que a China “tem uma das maiores forças do mundo” em sistemas superfície-ar de longo alcance - incluindo os sistemas de mísseis russos S-400 e S-300 - “que constituem parte da arquitetura de seu sistema de defesa aérea integrado robusto”.

O Departamento de Defesa dos EUA também acredita que, em cinco anos, o PLA vai dobrar o seu arsenal de armas nucleares, que atualmente é estimado em cerca de 200 ogivas armazenadas - embora o Stockholm International Peace Research Institute de 2020 cite 320 ogivas. Apesar da expansão da força nuclear chinesa nos últimos anos, ela não está nem perto de alcançar as 1.750 ogivas instaladas e mais de 4 mil que os EUA têm em estoque.

O relatório do Pentágono sugere que a China quer alcançar uma “tríade nuclear” com o desenvolvimento de um míssil balístico lançado do ar com capacidade nuclear, ao mesmo tempo em que melhora suas capacidades nucleares terrestres e marítimas.

“Claramente [o exército chinês] enfrenta uma série de desafios, e Pequim está trabalhando para superá-los, o que é realmente um ponto importante”, disse o secretário adjunto da Defesa dos EUA, Chad Sbragia, ao apresentar o relatório. “É provável que a China busque construir uma força militar que seja igual ou, em alguns casos, superior à dos EUA ou à de qualquer grande potência que a China considere uma ameaça potencial”.

A modernização das forças armadas chinesas é um fator que os Estados Unidos levam em consideração ao definir suas próprias estratégias de defesa. Desde que o presidente Donald Trump assumiu o governo, o Pentágono começou a se reconfigurar para enfrentar potências como a China e a Rússia, após quase duas décadas concentradas em operações de contra-insurgência e antiterrorismo. No ano passado, outro relatório do Pentágono indicava que os EUA não estavam fazendo o suficiente para responder à ascensão militar da China, que tem como objetivo declarado se tornar uma força militar “de classe mundial” até 2049. Apesar das preocupações, o PLA ainda está muito aquém das forças armadas dos EUA e alcançar esse propósito em três décadas será desafiador para o país asiático.

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