A China tem um ambicioso projeto de disputar recursos da Lua com os Estados Unidos. Mas, para isso, está contando com parcerias que, do ponto de vista de conhecimento científico e tecnológico, são no mínimo questionáveis – porque replicam as amizades “terrestres” de Pequim.
Nesta semana, representantes do Conselho Nacional de Universidades da Nicarágua, comandado pelo ditador Daniel Ortega, e do Laboratório de Exploração do Espaço Profundo da China assinaram um memorando de entendimento para um trabalho de cooperação na Estação Internacional de Pesquisa Lunar, que Pequim planeja lançar na década de 2030.
Segundo o documento, esse trabalho será uma parceria para “implementação da engenharia e operação” da estação lunar, “embarque de instrumentos científicos, experimentos científicos e técnicos, intercâmbio e análise de dados, educação e capacitação, e desenvolvimento de capacidades de exploração espacial”, entre outros pontos.
Ao que parece, a China parece que quer construir na Lua um clube de ditaduras. Além da Nicarágua, já assinaram parcerias a Rússia, Emirados Árabes, Belarus, Egito, Azerbaijão, Venezuela, África do Sul e Paquistão. Os dois últimos países são democracias bastante problemáticas, enquanto os demais são ditaduras escancaradas, assim como a China.
A Rússia, além de participar do projeto da estação lunar, anunciou este mês que os dois países estão considerando a instalação de uma usina nuclear na superfície do satélite natural até 2035.
Se a Rússia é uma potência espacial, o mesmo não pode ser dito dos outros países que já aderiram ao projeto da estação lunar chinesa.
Em outubro do ano passado, quando Belarus e Paquistão entraram no projeto, Victoria Samson, diretora do escritório de Washington da organização sem fins lucrativos Secure World Foundation, lembrou em entrevista ao site SpaceNews que os paquistaneses não tinham capacidade de lançamento espacial própria – dependem da China para isso – e possuíam apenas três satélites ativos em órbita, enquanto Pequim tem mais de 800.
“Portanto, em termos de contribuir substancialmente para a estação lunar, não tenho muita certeza de que haverá muitas coisas técnicas a acrescentar. Mas há algo a ser dito sobre apoio político, e é uma posição que endossa os planos lunares da China, pelo menos”, explicou.
O mesmo pode ser dito da maioria das parcerias do projeto chinês: o que dizer da Nicarágua, um país destruído economicamente e que tem grande parte da sua economia sustentada por dinheiro que nicaraguenses morando em outros países enviam para seus parentes?
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