Economistas sustentam que a baixa taxa de natalidade da China, que antes já foi uma vantagem econômica, agora está destinada a reduzir o crescimento econômico do país.
A ascensão da China dependeu, em parte, de um aumento no número de trabalhadores em proporção à população. Esse aumento produziu uma força de trabalho barata e produtiva para suas fábricas, minas e construções.
Agora, o tamanho da força de trabalho está se equilibrando. Demógrafos afirmam que ela começará a encolher lentamente em apenas cinco anos.
Há ainda o fato de o número de idosos estar aumentando com velocidade. Projeções mostram que a média de idade dos chineses até 2040 será maior que a dos norte-americanos, mas os chineses só terão um terço da renda per capita dos EUA. Especialistas afirmam que isso fará com que a China seja o primeiro grande país a envelhecer antes de se desenvolver economicamente de forma completa. "Há enormes crises demográficas pendentes, inéditas na demografia chinesa", disse em entrevista Wang Feng, líder do Centro Tsinghua de Políticas Públicas de Pequim, um braço da Brookings Institution, sediada em Washington. "Poucas pessoas ainda defendem essa política".
Porém, à medida que se intensificam pedidos para um afrouxamento dessa política e à medida que aumentam sinais oficiais de alívio das restrições, aumentam também temores de que a cultura do filho único esteja incrustada entre os chineses a ponto de as autoridades não serem capazes de incentivar mais nascimentos, mesmo que tentem.
Um número crescente de pesquisas sugere que grande parte do declínio da fertilidade chinesa ao longo das últimas três décadas não é resultado da política do filho único e suas várias permutações, mas da queda típica nas taxas de natalidade que ocorrem quando as sociedades se modernizam.
Menos que um
Em Xangai, muitos casais elegíveis decidiram não ter um segundo filho, tanto que em 2009 agentes sociais começaram a fazer visitas aos lares chineses para tentar persuadi-los. Cai Yong, demógrafo da Universidade da Carolina do Norte, disse que a taxa de natalidade de Xangai e Pequim está estimada em 0,7 menos que um filho por casal, e metade do que muitos demógrafos estimam ser a taxa nacional de natalidade.
Tudo isso sugere que a China pode não ter muito a fazer para manipular o número de nascimentos. Parece que, quanto mais a força de trabalho encolhe, maior a necessidade de afrouxar as restrições governamentais.