O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, afirmou que a China faz proveito de questões que geram controvérsia, como as tarifas sobre importações aplicadas por Washington a vários países, para "avançar a sua influência política" sobre a opinião pública americana. "A liderança do presidente Donald Trump está funcionando e a China quer um presidente diferente. Não pode haver dúvida: a China está interferindo na democracia americana", declarou o republicano em discurso no Instituto Hudson nesta quinta-feira (4).
No pronunciamento, ele argumentou que informações das autoridades de inteligência americanas apontam que Pequim usa como alvo governos estaduais e locais nos EUA para explorar "quaisquer divisões" sobre formulação de políticas com a esfera federal. As cobranças adicionais a mercadorias compradas no exterior seriam um exemplo com potencial para gerar esse tipo de discórdia.
"O Partido Comunista da China está recompensando e coagindo empresas, estúdios de cinema, universidades, think tanks, acadêmicos, jornalistas e autoridades de governo americanos", disse. O objetivo, de acordo com o vice-presidente, é "um esforço sem precedentes para influenciar" as eleições de novembro ao Congresso dos EUA e o "ambiente" rumo a 2020, quando Trump pretende concorrer à reeleição.
Pence disse ter ouvido de um oficial de inteligência americano que o que autoridades da Rússia "estão fazendo" em termos de interferência eleitoral "empalidece em comparação com o que a China está fazendo" nos EUA.
"Em junho, Pequim circulou um documento sensível intitulado 'Notificação de Propaganda e Censura' com sua estratégia. Atestava que a China tem de atacar precisa e cautelosamente, dividindo diferentes grupos domésticos nos EUA", prosseguiu o número 2 de Washington.
Referindo-se à iniciativa "Um Cinturão, Uma Rota", pela qual o governo chinês expede bilhões de dólares em empréstimos e investimentos em projetos de infraestrutura e logística em países na Ásia, na África, no Oriente Médio e até na América Latina, Pence sublinhou que a China "usa a diplomacia da dívida para expandir sua influência".
"Pequim estendeu um colete salva-vidas ao regime corrupto e incompetente de (Nicolás) Maduro na Venezuela, que tem oprimido seu próprio povo. Eles ofertaram US$ 5 bilhões em empréstimos questionáveis a ser quitados com petróleo", apontou o vice.
O pronunciamento no Instituto Hudson foi encerrado, contudo, com um tom menos animoso. "Hoje, a América está estendendo a nossa mão à China. Esperamos que, em breve, Pequim estenda a sua – com ações, não palavras, e respeito renovado pela América", discursou Pence. “Mas não descansaremos enquanto nossa relação com a China não for baseada em justiça, reciprocidade e respeito pela nossa soberania”.
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