Milhares de pessoas fugindo dos 12 dias de bombardeios israelenses contra o Líbano chegaram no domingo ao Chipre e à Turquia, enquanto as Nações Unidas pedem ajuda para os muitos outros que ficaram para trás.
Cerca de 15 navios eram esperados para a noite de domingo para segunda-feira nos portos cipriotas, no que talvez seja o pico da evacuação organizada que até agora levou 30.000 pessoas para Chipre, pequena ilha no Mediterrâneo que tem dificuldade em enfrentar o fluxo de gente.
A Grã-Bretanha e os Estados Unidos disseram que estão começando a reduzir as operações, mas Chipre disse que pode haver mais 40.000 pessoas para chegar.
A Turquia está arcando com parte desse contingente e mais de 3.000 retirantes, a maioria canadenses, australianos e norte-americanos, chegaram no porto de Mersin, no sul do país, e foram recebidos por funcionários do Crescente Vermelho.
- É a maior retirada de australianos desde a Segunda Guerra Mundial - disse a embaixadora da Austrália na Turquia, Jean Dunn. A expectativa de seu país é retirar esta semana pelo menos 6.000 de seus 20.000 cidadãos que estão no Líbano, acrescentou.
As pessoas que foram retiradas pareciam aliviadas com o fim de seu sofrimento, mas angustiadas por terem deixado para trás parentes e amigos.
- É horrível pensar em todas essas pessoas morrendo por nada - disse Sarah Osseirane, de 20 anos, que estuda direito em Paris, ao sair de um navio de guerra francês em Larnaca.
A ministra de Defesa da França, Michèle Alliot-Marie, disse, depois de visitar o navio que trouxe 200 exilados: - Até hoje, respondemos a 5.000 pedidos (de retirada) e temos 9.000 na lista.
Ela disse que a França manterá suas operações no Chipre para contribuir com a transferência de ajuda humanitária para o Líbano. Fontes da ONU disseram que vão montar em Chipre um ponto para a distribuição de ajuda.
Quase 30.000 pessoas de dezenas de países fugiram para a ilha e Chipre, que advertiu que o número pode chegar a 70.000, sobrecarregando os recursos disponíveis, no auge da temporada turística.
Na noite de sábado e madrugada de domingo, mais de 1.000 canadenses exaustos chegaram ao litoral, no calor do verão cipriota. As mulheres tentavam acalmar bebês que choravam na fila para um centro de recepção lotado.
A expectativa é que outros 15 navios tragam mais franceses, canadenses, norte-americanos e indianos retirados do Líbano até a madrugada de segunda-feira.
- Graças a Deus eles nos trouxeram para cá. Parecia uma eternidade. Vivíamos de hora para hora - disse chorando a australiana Jacqueline Azzi, que viajou com seu marido e dois filhos.
Fontes dos EUA disseram ter retirado cerca de 10.000 norte-americanos do Líbano e a expectativa é que os navios tragam pelo menos outros 1.600 até segunda-feira.