O muro que poderá separar gregos e turcos tem um precedente no Chipre. A ilha, ao longo de sua história, foi povoada por diversas etnias, desde os gregos antigos, persas, romanos, bizantinos até os turcos.
Em 1878, o Império Otomano cedeu sua possessão para a Inglaterra. À época, o Chipre já possuía uma população mista. A maioria era de habitantes de origem grega ortodoxa, enquanto uma minoria de turcos islâmicos vivia entre as populações gregas.
Após a Segunda Guerra Mundial, os gregos pediram a anexação da ilha enquanto a Turquia pedia uma divisão da mesma. Os ingleses apoiaram os gregos enquanto os americanos incentivaram os movimentos da Turquia, importante aliada contra a União Soviética. Com a independência de Chipre em 1960, a ilha passou por uma complexa tutela tripartite entre Grécia, Estados Unidos e Inglaterra que até hoje mantém soldados em suas bases, especialmente ao sul da Ilha.
Os conflitos entre gregos e turcos habitantes da ilha e suportados por governos estrangeiros quase levaram à guerra aberta entre Grécia e Turquia.
A União Europeia chegou a convidar o Chipre para entrar no bloco, mas a falta de entendimento entre os dois lados impossibilitou o ingresso. Em 2002, o então ex-secretário-geral das Nações Unidas Koffi Annan apresentou um projeto de criação de um Chipre unificado. Os gregos cipriotas rejeitaram o projeto por ver nele a aceitação da independência formal de Chipre do norte, controlado pela Turquia e que seria tratada como uma federação independente dentro do Chipre. Com isso, as negociações pararam em 2004.
O processo de paz só foi retomado seriamente em 2008, quando o muro de Nicósia, que passa pela rua de comércio Ledra, e que foi construído nos anos 60, começou a ser desmanchado.
Ainda assim, os gregos não ficaram satisfeitos com a solução, pois desejavam ainda a retirada dos 40 mil soldados turcos estacionados na região. Desta forma, o muro que havia sido construído e começou a ser desmanchado permanece até hoje como um símbolo vivo do conflito entre as duas nações.
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