Soldado turco-cipriota vigia prédio das Nações Unidas| Foto: Efe

O Chipre lembra no domingo o 40º aniversário da invasão turca ao norte do país, que causou a separação das comunidades grega e turco-cipriota na divisão da ilha. Em 20 julho de 1974, cinco dias depois de o Chipre enfrentar um golpe de Estado organizado pela junta militar grega, Ancara enviou suas tropas ao norte do país, dando início à chamada "operação Attila", que buscava, segundo o governo turco, restabelecer a ordem constitucional.

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"Estávamos em um campo militar na montanha de Pentadaktilos quando nos demos conta de que aviões turcos bombardeavam a cidade de Kerinia (no norte). De onde estava naquele momento, podia ver o mar e consegui contar à primeira vista 35 embarcações", conta Filippos Filippu, de 59 anos. O greco-cipriota Fillippu não se esquece o momento em que um dos aviões começou a metralhar o campo onde estava. "Morreram pelo menos 30 pessoas das cem que estavam lá. Não consigo esquecer os gritos do homem que morreu ao meu lado", relata.

Um mês depois, a Turquia dava por encerrada a operação, que causou mais de quatro mil mortes, deixou 1.500 desaparecidos e 240 mil deslocados – greco-cipriotas expulsos do norte, e turco-cipriotas, do sul. Três anos mais tarde, começaram as primeiras negociações entre o então presidente greco-cipriota, Makarios III, e o líder turco-cipriota, Raouf Denktash.

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A proclamação unilateral da República Turca do Norte do Chipre (RTNC) na parte norte da ilha, em 1983, complicou ainda mais a questão cipriota, embora o Estado tenha sido reconhecido somente pela Turquia. Ao longo das décadas, o diálogo entre as duas comunidades, realizado sob apoio da ONU, sofreu altos e baixos, e em 2004 o Chipre até chegou a flertar com a possibilidade de uma reunificação, com o denominado Plano Annan. No entanto, o plano foi rapidamente abandonado quando a parte greco-cipriota se negou a aceitá-lo em um referendo.