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Sorridente e aparentemente bem disposto, o presidente da França, Jacques Chirac, deixou nesta sexta-feira o hospital de Val-de-Grace, após uma semana de internação que suscitou muitas especulações sobre sua saúde. Os médicos afirmam que Chirac teve um pequeno acidente vascular que afetou sua visão e provocou dores de cabeça.

- Agora vou voltar para casa e retomar minhas atividades. Os médicos me recomendaram que, durante uma semana, eu seja moderado e serei tanto quanto possível - disse Chirac a repórteres, na saída do hospital. - Sou disciplinado, então serei moderado.

Chirac disse que estava ansioso para sair, que se sente em muito boa forma e que não via a hora de almoçar - eram 12h29m quando ele saiu do hospital, caminhando. Ele agradeceu longamente a equipe médica e se disse grato também aos jornalistas que o aguardavam, pela chance que lhe davam de "saudar os franceses e francesas".

O povo francês, porém, tinham suas razões para duvidar do que ouviram dos médicos ao longo dos últimos dias, em boletins sempre vagos. A internação de Chirac trouxe à tona o debate sobre a transparência a respeito da saúde dos chefes de Estado na França - transparência que não se viu nos casos de Georges Pompidou e François Mitterrand.

O gaullista George Pompidou morreu de câncer em 1974, ainda no cargo. Seu sucessor, o centrista Valéry Giscard d'Estaing, assumiu prometendo divulgar boletins médicos a cada seis meses, mas nunca o fez.

O socialista François Mitterrand chegou ao poder em 1981, fazendo a mesma promessa de D'Estaing, mas não cumpriu. Em 1992, revelou que sofria de câncer na próstata. Após sua morte, em 1996, seu médico revelou que Mitterrand ficou sabendo do câncer meses após chegar à presidência, mas ocultou a informação, alternado os boletins.

Durante o período de internação, o Palácio do Eliseu tentou deixar claro que Chirac, em momento algum, deixou de estar no comando e que cuidava dos assuntos de governo do leito do hospital. Mas, entre a internação e a comunicação do fato, o governo levou horas.

Chirac, que completa 73 anos em novembro, foi internado no dia 2, no hospital militar de Val-de-Grace. Ele foi diagnosticado com "uma pequena hemorragia cerebral" que resultou na formação de "um pequeno hematoma" e, em conseqüência disso, problemas de visão.

Desde que assumiu o cargo, em 1995, Chirac exibia uma saúde de ferro. Em 2003, o governo desmentiu com firmeza os rumores de que ele sofria problemas auditivos e que usava um aparelho no ouvido direito.

A última internação de Chirac havia sido em 1983, quando ele era prefeito de Paris e precisou operar uma segunda vez o fêmur esquerdo, fraturado num acidente de automóvel em 1978.

CÚPULA DA ONU - Apesar de bem disposto, o presidente Jacques Chirac não deve participar da cúpula da ONU em Nova York na semana que vem, informa a edição eletrônica do jornal francês "Libération". Apesar de o tema em questão da cúpula - o esforço e as metas mundiais de combate à pobreza - ser-lhe um tema especialmente caro, Chirac deve ser obrigado a evitar a viagem transatlântica.

Pouco antes de o presidente ter alta, um boletim do hospital militar de Val-de-Grâce informou que os médicos aconselharam a Chirac "evitar deslocamentos aéreos durante as próximas seis semanas". "Foi recomendado a ele que faça o máximo de repouso nos próximos 15 dias", dizia o comunicado, que classificou de "muito satisfatório" o estado de saúde do presidente.

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