Sindicatos franceses ameaçaram neste domingo ampliar os protestos contra o contrato de trabalho para jovens, a não ser que o presidente Jacques Chirac apresente uma solução clara para a crise, que enfraqueceu o primeiro-ministro do seu governo.
Chirac deve decidir na segunda-feira, em reunião com o primeiro-ministro Dominique de Villepin e membros do partido do governo, como tornar a nova medida mais aceitável para os estudantes e os sindicatos.
Os sindicatos querem que o projeto, Contrato de Primeiro Emprego (CPE), seja rejeitado porque tira a segurança no emprego dos jovens e vão se reunir à tarde para decidir suas próximas ações, depois de semanas de greves e protestos, alguns dos quais terminaram em violência.
Os que apóiam o contrato afirmam que ele reduzirá o alto índice de desemprego entre os jovens, porque contribuir para contornar a legislação trabalhista francesa, que dificulta a demissão de empregados. Isso é frequentemente citado pelas empresas como um desincentivo a novas contratações.
Chirac tomou a iniciativa pouco habitual de assinar o projeto, transformando-o em lei. Ele afirma que deve ser modificado em breve e deixou membros do parlamento encarregados de conversarem com os críticos da medida e fazerem um novo plano, passando, na prática, por cima de Villepin.
A popularidade de Villepin desabou devido ao CPE, o que provocou pedidos para que ele renuncie. Ele saiu enfraquecido dentro do UMP (Uniao por um Movimento Popular), partido liderado pelo ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, seu rival potencial como candidato da direita na eleição presidencial de 2007.
Uma pesquisa divulgada pelo jornal Le Parisien indica que mais da metade dos franceses acha que Sarkozy saiu ganhando com a crise, e 86% afirmam que Villepin ficou enfraquecido. A mesma pesquisa aponta como grandes vencedores as organizações estudantis e os sindicatos.
- Não sabemos o que pode acontecer daqui para frente, mas não queremos mais ouvir falar do CPE - disse ao Le Journal du Dimanche Jean-Claude Mailly, chefe do sindicato Force Ouvrire.
Os que sao favoráveis ao CPE afirmam que o novo contrato, que permite que as empresas demitam menores de 26 anos sem dar o motivo, dentro de um período experimental de dois anos, contribuir para reduzir o desemprego entre os jovens, de 22%. Para os críticos, o contrato vai criar uma geração de trabalhadores sem segurança no emprego.
Os estudantes planejam novos protestos para a terça-feira. Junto com sindicalistas, que são mais velhos, realizaram protestos que já duram semanas em várias partes da França, exigindo a retirada do CPE.
Escolas e universidades foram bloqueadas pelos manifestantes e as aulas foram afetadas, pouco antes dos exames do fim do ano escolar.
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