Aviões militares levaram nesta segunda-feira suprimentos para uma cidade australiana lentamente tomada pelas águas de rios que transbordaram em razão de fortes chuvas. As enchentes inviabilizaram portos e estradas no nordeste do país, afetaram as exportações de carvão e destruíram plantações.
As inundações cobrem uma área do tamanho da Alemanha e França juntas e deixaram submersa a Rodovia Capricorn, a principal estrada que corta o Estado de Queensland. As águas invadiram casas na cidade de Rockhampton, que está submersa.
Alertas de novas tempestades foram emitidos na noite desta segunda-feira no sul de Queensland. A previsão é de chuvas pesadas e mais inundações.
As autoridades pediram que os motoristas evitem as estradas alagadas, depois que um homem se afogou na região central de Queensland, elevando para dois o número de mortos. O secretário do Tesouro, Andrew Fraser, qualificou a situação de "desastre de proporções bíblicas".
As enchentes provocaram a paralisação da maioria das operações nas minas de Queensland, Estado que exporta a maior parte do carvão da Austrália. As produções de açúcar e, em menor escala, a de grãos também foram afetadas.
O governo do Estado disse que a recuperação levará semanas.
Rockhampton, cidade de 77 mil habitantes, situada 600 quilômetros ao norte da capital do Estado, Brisbane, é acessível agora apenas de barco pelos serviços de emergência.
Equipes de resgate removeram pacientes de hospitais e a polícia ordenou que moradores, alguns relutantes, deixem suas casas. Equipes da operadora de energia inspecionaram as casas abandonadas para assegurar que a energia havia sido desligada.
A polícia isolou vastas áreas do território para garantir que a população deixe as áreas alagadas.
O morador Reg Wilson, de Rockhampton, disse que a polícia lhe deu pouca opção, a não ser deixar sua casa.
"Um policial chegou num carro com uma arma na cintura e disse: 'Você tem de sair daqui até 5 horas, ou então.' Quando um homem com uma arma fala com você desse jeito, você sai", disse ele.
As inundações causaram danos estimados em mais de 1 bilhão de dólares australianos (980 milhões de dólares), forçaram a saída de 200 mil pessoas de suas casas e afetaram commodities exportadas, as quais são a base da economia australiana.
As operações de mineração estão praticamente paradas no porto de Gladstone, normalmente abarrotado de carvão para embarque. O tráfego de trens até os portos foi interrompido pelo alagamento das linhas.