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Imagem mostra a prisão de Guantánamo. Memorandos do Departamento de Justiça autorizaram interrogatórios que combinassem "simulação de afogamento, insultos e golpes abdominais" | Joe Skipper / Reuters
Imagem mostra a prisão de Guantánamo. Memorandos do Departamento de Justiça autorizaram interrogatórios que combinassem "simulação de afogamento, insultos e golpes abdominais"| Foto: Joe Skipper / Reuters

Agentes da CIA usaram técnica de afogamento, condenada e considerada ilegal pelo governo de Barack Obama, 266 vezes em dois prisioneiros da Al-Qaeda. O número é bem mais alto do que o previamente divulgado. Os funcionários da agência usaram 83 vezes a técnica em agosto de 2002 contra Abu Zubaydah, de acordo com um relatório do Departamento de Justiça de 2005, informa o jornal "New York Times". O preso é considerado um importante membro do grupo.

O ex-agente da CIA John Kiriakou disse à "ABC News" e outras emissoras em 2007 que Abu Zubaydah foi submetido ao afogamento por apenas 35 segundos antes de confessar o que sabia.

O relatório de 2005 afirma que a CIA usou a técnica 183 vezes em março de 2003 contra Khalid Shaikh Mohammed, um dos idealizadores dos ataques de 11 de setembro. O "New York Times" informou em 2007 que Mohammed fora submetido à técnica mais de 100 vezes, causando preocupação na agência de que eles teriam passado dos limites legais nos interrogatórios. Mas o número preciso e o tipo de técnica nunca foi divulgado.

De acordo com o jornal espanhol "El País", o ex-diretor da CIA, Michael Hayden, criticou no domingo as decisões de Barack Obama de considerar ilegal os métodos de interrogatório. Falando ao programa "Fix News Sunday", o general Hayden explicou que a tortura supera as táticas da Al-Qaeda.

A divulgação dos números se tornará parte de um debate sobre a eficácia dos métodos de interrogação usados pelo Departamento de Justiça durante a administração de George W. Bush.

Nesta segunda-feira, o presidente Barack Obama pretende visitar a sede da CIA e deverá fazer um discurso para seus funcionários, assim como se reunir a portas fechadas com alguns oficiais. Será a primeira visita à agência.

Na quinta-feira, o governo Obama divulgou quatro relatórios produzidos durante o governo Bush sobre técnicas de confissão utilizadas em interrogatórios de presos acusados de terrorismo. Os documentos, elaborados por um advogado do alto escalão do Departamento de Justiça americano, serviram de base jurídica para que toda a cúpula executiva do governo Bush, como as agências de inteligência, fizesse uso de tais técnicas para extrair confissões.

Uma das técnicas autorizadas, em agosto de 2002, era utilizar "insetos colocados numa caixa de confinamento para induzir terror aos prisioneiros". Um dos memorandos mostra o Departamento de Justiça autorizando interrogatórios que combinassem "simulação de afogamento com posições desconfortáveis, insultos e golpes abdominais". Outro documento fornece uma lista de técnicas autorizadas, entre elas bater na face, obrigar o prisioneiro a longos períodos em posições desconfortáveis e dolorosas, e privação do sono. Os prisioneiros também recebiam surras com um cassetete de plástico. As técnicas foram aplicadas em pelo menos 14 prisioneiros.

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