Duelo virtual envolve ONG antispam e uma empresa que hospeda entidades que fizeram uso de e-mails indesejados| Foto: Kacper Pempel/Reuters
Prédio em Londres que abrigaria um escritório da Spamhaus

Um conflito virtual entre uma organização que combate e-mails indesejados – os chamados spams – e uma empresa holandesa hospedeira de sites – acusada de emitir spams – causou ontem um dos maiores ciberataques de que se tem notícia, afetando a infraestrutura da internet no mundo todo.

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As forças policiais de cinco países estão investigando o caso, de acordo com a BBC.

Segundo o jornal New York Times, o episódio deixou milhões de usuários comuns com problemas que foram do atraso em serviços como o do Netflix, de vídeos sob demanda, até a impossibilidade de acessar determinados sites.

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A ONG Spamhaus é conhecida por monitorar empresas que emitem e-mails indesejados, incluindo-as em uma lista negra que é usada por provedores de e-mail para bloquear spams. A Cyberbunker entrou na lista porque estaria mantendo em seus servidores material usado por pessoas que enviam mensagens com propaganda ou golpes virtuais via e-mail.

Depois de ter sido enquadrada pela Spamhaus, a Cyberbunker, que opera na Holanda a partir de um bunker de cinco andares que pertencia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), decidiu revidar.

Os ataques usam vários computadores para concentrar fluxos de dados que são maiores que conexões de internet de países inteiros.

Segundo especialistas consultados pelo New York Times, o problema é "preocupante" porque os ataques estão se tornando cada vez mais poderosos. Se essa escalada continuar, serviços básicos de internet poderão ser afetados, como o acesso a e-mails e a operações bancárias.

A Spamhaus também disse que a Cyberbunker está ligada a grupos criminosos da Rússia e de outros países do Leste Europeu. A Cyberbunker se vangloria de hospedar serviços de qualquer site, "exceto os de pornografia infantil e qualquer coisa relacionada a terrorismo".

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Sven Olaf Kamphuis, um ativista da internet que se apresenta como porta-voz dos ciberatacantes – não está claro se estes são a Cyberbunker ou pessoas de alguma forma ligadas à empresa –, disse ao New York Times que a ofensiva foi uma retaliação ao "abuso da influência" exercida pela Spamhaus.

Steve Linford, um executivo da Spamhaus, disse à BBC que os ataques começaram no dia 19, mas isso não impediu a ONG de divulgar a lista negra (e esta não foi a primeira vez que ela sofreu retaliações).

Os hackers que vêm causando o problema estão usando ataques de negação de serviço (DDoS, na sigla em inglês), tática relativamente simples mas que pode "derrubar" qualquer site, dependendo do tamanho da investida.