O governo iraniano anunciou no começo da semana passada que foi, mais uma vez, vítima de ataques virtuais. Em 2010, o país já tinha sido alvo de um vírus chamado Stuxnet, que atingiu computadores vinculados ao desenvolvimento de armas nucleares. Nas duas ocasiões, o governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad acusou os Estados Unidos e Israel pela autoria dos ataques cibernéticos.
Os ataques digitais ao Irã podem ser vistos como prévias de um novo tipo de guerra que, sem envolver tanques e pesados armamentos, será enfrentada pela tela de computadores. Os Estados Unidos já disponibilizam uma verba estimada de US$ 2,6 bilhões a US$3,2 bilhões para gastos em estratégias para evitar atos de terrorismo cibernético.
Em outubro deste ano, o Secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, declarou que o país está vulnerável a um grande ataque que pode trazer danos tão graves quanto o bombardeio a Pearl Harbor pelos japoneses, em 1941. "Um atentado [por computadores] pode causar destruição física e a perda de vidas, além de paralisar e chocar a nação", disse.
Danos
Se bem-sucedidas, as investidas virtuais contra o Irã, por exemplo, podem provocar um colapso no plano de desenvolver armas nucleares. Isso sem contar, outros projetos militares e econômicos. Em 2007, um atentado semelhante contra órgãos do governo e bancos privados tiveram sérias consequências na Estônia, como a interrupção de atividades parlamentares.
"O ciberterrorismo é real. Na sociedade moderna, tudo é ligado por redes. Um ataque virtual pode paralisar trens, danificar a distribuição de energia e atingir sistemas militares. Pode ser catastrófico", observa Altair Olívio Santin, especialista em segurança na internet da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
Exagero
Os pesquisadores da Universidade de Illinois Brandon Valeriano e Ryan Maness, em Chicago, defendem que existe um exagero na compreensão da ameaça digital internacionalmente. Segundo um estudo feito por eles, entre 2001 e 2011, 95 ataques cibernéticos foram registrados no mundo. Mas houve consequências mais graves apenas no Irã e na Estônia, nos casos já citados.
"Um Estado tem 600 vezes mais chance de ser alvo de um atentado terrorista do que de um ataque virtual", dizem os autores em artigo publicado na revista norte-americana Foreing Affairs. Por via das dúvidas, é melhor prevenir.