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O rosto barbado do líder guerrilheiro Ernesto "Che" Guevara tornou-se um ícone pop que aparece em canecas, camisetas e até biquínis, 40 anos depois de sua morte, e a cidade boliviana de Vallegrande está aproveitando a onda comercial.

Na região central da Bolívia, onde Guevara lutou contra o Exército, foi capturado e morto, operadores de turismo oferecem a oportunidade de conhecer seus últimos passos na "Trilha de Che".

"Se não fosse por Che, não haveria muitos estrangeiros por aqui", disse Carlos Robert Pena, dono de um restaurante com decoração temática homenageando Che, voltado para o público turista de Vallegrande.

Os lojistas anunciam pôsteres, pins e bonés de Che, e uma imagem de Guevara com longas madeixas e uma boina é onipresente em restaurantes, hotéis e cafés. Um museu é dedicado à sua vida como revolucionário.

Se, como dizem os historiadores, os bolivianos foram relutantes em aceitar Guevara e sua revolução, alguns estão agora felizes em tirar vantagem do fato de Che ter colocado esta cidade nos livros de história. A cada ano, milhares de pessoas fazem a peregrinação até o local.

Depois que Guevara uniu-se à revolta guerrilheira que ajudou Fidel Castro a tomar o poder em Cuba em 1959, o médico argentino viajou até o Congo para fomentar a revolução.

Sua campanha na África fracassou e Guevara veio até a Bolívia, chegando no final de 1966, na esperança de iniciar uma revolução no país sul-americano.

Guevara foi capturado e executado por soldados bolivianos apoiados pela CIA depois de um interrogatório em La Higuera, 80 km a sul de Vallegrande, em 9 de outubro de 1967. Seu corpo foi lavado a Vallegrande e colocado em exposição pública em um hospital. Em seguida, foi enterrado como indigente.

Em 1997, seus restos mortais foram encontrados, exumados e transportados para um mausoléu em Cuba.

Guevara é reverenciado em Vallegrande não apenas por seu valor comercial. Moradores da cidade dizem que sua morte deu um ar místico à cidade poeirenta, com casas de tijolo à vista e ruas de terra.

"Seu espírito está vivo na cidade. Acho que ele deveria ser considerado um santo", disse Ligia Moron, que foi uma das pessoas que viu o corpo de Guevara em 1967.

O fato é que o turismo representa uma injeção de ânimo para a cidade pobre.

"Trouxe alguma esperança para esta terra esquecida pelo governo", disse Eliseo Barrancos, 60 anos, carregando uma camiseta nova de Che em uma sacola.

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