Uma pequena cidade italiana aprovou no mês passado uma lei inusitada: seus habitantes estão proibidos de ficarem doentes nos limites de Sellia, incluindo a possibilidade de multá-los. O objetivo do prefeito Davide Zicchinella é evitar as mortes no município.
Apesar de absurda, a determinação tem uma explicação, segundo Zicchinella. Atualmente, o pequeno vilarejo tem apenas 537 habitantes. Nos anos 1960, esse número era três vezes maior. E pior: a maioria dos moradores já passou dos 65 anos.
“Pela lei, eu não posso proibir a morte diretamente”, disse o prefeito em entrevista ao “The Guardian”. “Você não pode legislar sobre uma impossibilidade. Mas a minha intenção é combater a morte”, completou.
Na prática, a lei multa pessoas que se recusarem a realizar procedimentos em prol de sua saúde, como check-ups e tratamentos médicos. A cobrança para os ilegais chega a 10 euros anuais.
“Nós adotamos esta medida não como uma piada, mas como algo realmente sério. Sellia, como muitos outros lugares no sul da Itália, está sofrendo de perda de população. Aqueles que não se cuidarem ou mantiverem hábitos que prejudiquem sua saúde serão punidos com mais cobranças”, ameaçou o prefeito.
A medida italiana tem precedentes, um dele, inclusive, brasileiro. Em 2005, o prefeito de Biritiba Mirim, em São Paulo, tentou proibir as mortes em seus limites por conta da falta de espaço no cemitério municipal. Como a maior parte da cidade fica em áreas de mananciais, os órgãos ambientais proibiam a expansão do cemitério. O decreto não foi aprovado na Câmara do município.
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