Numa noite fria, militantes barbudos se reuniram num local cheio de luzes coloridas em Darna, uma cidade da costa do Mediterrâneo conhecida por ser o centro de radicais jihadistas na Líbia. Eles prometeram se aliar ao líder do grupo Estado Islâmico (EI).
Com a reunião, realizada cerca de três semanas atrás, os militantes fizeram de Darna a primeira cidade fora do Iraque e da Síria a se unir ao "califado" anunciado pelo grupo extremista.
A cidade já tem tribunais religiosos que ordenam assassinatos em público e a flagelação de moradores acusados de violar a lei da sharia, além da segregação de estudantes masculinos e femininos.
Oponentes dos militantes se esconderam ou fugiram, aterrorizados por uma série de assassinatos com o objetivo de silenciá-los. A tomada da cidade, que fica a 1,6 mil quilômetros do território mais próximo controlado pelo EI, é prova de como o grupo exerce um encanto sobre a região.
Um novo "emir" do EI agora controla a cidade. Ele é Mohammed Abdullah, um militante iemenita pouco conhecido, enviado da Síria e mais reconhecido por seu nome de guerra, Abu al-Baraa el-Azdi, segundo informações de vários ativistas locais e de um ex-militante de Darna.
Militantes da liderança do EI, do Iraque e da Síria, visitaram a cidade durante o ano e em poucos meses reuniu a maior parte das facções extremistas, antes divididas, sob seu guarda-chuva.
Esses militantes abriram caminho ao matar rivais, o que incluía outros militantes.
Darna pode ser um modelo para o grupo tentar se expandir para outras regiões. Notadamente, no Líbano, tropas do Exército capturaram recentemente uma série de militantes que, acredita-se, planejavam tomar várias vilas no norte do país e proclamá-las parte do "califado".
Na região, alguns grupos militantes prometeram se aliar ao líder Abu Bakr al-Baghdadi, mas nenhum tomou territórios de forma coesa como aconteceu em Darna.
Base
Darna dá ao EI uma base na Líbia, país rico em petróleo com um governo fraco desde a queda de Kadafi, em 2011.