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Drama

Cidade mineira dá adeus ao brasileiro morto em Londres

Gonzaga, Minas Gerais (Folhapress) – O eletricista brasileiro Jean Charles de Menezes, 27 anos, morto em Londres no último dia 22 ao ser confundido com um terrorista, será sepultado hoje, às 15 horas, no cemitério de Gonzaga, a cidade mineira de 6 mil habitantes onde vivem seus pais, o casal de agricultores Maria e Matosinhos Otoni da Silva. Centenas de pessoas compareceram ontem ao velório, realizado na Igreja Matriz de São Sebastião. Matosinhos e Maria madrugaram na igreja para aguardar o corpo do filho, que chegou às 13 horas.

Como a vizinha Governador Valadares, Gonzaga também sofre o êxodo dos jovens que partem em busca de trabalho e riqueza nos Estados Unidos e na Europa. Jean Charles e seus quatro primos, que foram para Londres, são exemplos disso. A sensação de que a vítima da polícia londrina poderia ser qualquer parente ou conhecido que vive no exterior reforçou a solidariedade dos moradores da região. Faixas e mensagens de solidariedade indicam que a cidade está em luto. A prefeitura decretou feriado e a maior parte dos comerciantes decidiu baixar as portas.

Policiais militares – alguns de Governador Valadares – foram acionados para organizar a movimentação durante o velório, pois há a expectativa de que centenas de pessoas passem pelo local.

O corpo chegou ao Brasil em um avião da Varig, que pousou às 6h25 no aeroporto internacional de São Paulo, em Cumbica (Guarulhos). Cerca de duas horas depois, foi transferido para um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e seguiu para Governador Valadares. Dali, o corpo foi transportado para Gonzaga em um carro do Corpo de Bombeiros, seguido por um cortejo de parentes e amigos da família. As despesas do traslado internacional foram pagas pelo governo britânico.

Morte

Menezes foi baleado após ser confundido pela polícia britânica com um terrorista. O eletricista levou oito tiros – sete na cabeça e um no ombro – após ter sido interceptado por policiais britânicos à paisana na estação de metrô de Stockwell. Segundo testemunhas, ele teria corrido dos policiais. Um inquérito sobre a morte do brasileiro foi aberto pela Comissão Independente de Reclamações contra a Polícia (IPCC, na sigla em inglês), para investigar a ação da polícia britânica neste caso.

Na quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou por telefone com o pai e com o irmão de Jean Charles, Giovani da Silva. Segundo a assessoria de imprensa do Planalto, Lula apresentou "suas condolências" à família. Lula também disse que o governo inglês pediu "formalmente" desculpas à família e ao país.

Os primos de Jean Charles que vivem em Londres não querem apenas desculpas, querem justiça. Alex e Alessandro Pereira, Patrícia da Silva e Viviane Figueiredo procuraram a ajuda da advogada Gareth Pierce, especialista em causas humanitárias. Na quarta-feira, antes da partida do corpo para o Brasil, Pierce fez veementes críticas à ação da força policial e disse que é descabido falar em "erro" uma vez que foram disparados oito tiros. "A polícia mostrou uma pré-determinação de matar", afirmou ela.

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