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Visitar uma cidade nuclear pode ser um passeio turístico incomum, mas o Departamento de Energia dos EUA vem constatando interesse crescente por uma usina de urânio que, no passado, era tão secreta que não tinha endereço e não constava dos mapas.

Entre junho e setembro, os interessados podem visitar parte da instalação de Oak Ridge, no leste do Tennesse, criada em 1943 e que funcionava 24 horas por dia, separando o urânio 235 do urânio natural.

A usina fazia parte do Projeto Manhattan, que produziu as bombas atômicas despejadas sobre Hiroshima e Nagasaki em agosto de 1945.

Mas durante a 2a Guerra Mundial, os funcionários contratados para trabalhar na comunidade que se espalhava sobre uma área de 24 mil hectares muitas vezes não faziam idéia do papel exercido por seu trabalho num quadro maior.

"Eu não sabia o que estava fazendo, nem porque. Sabia apenas fazer meu trabalho", contou Gladys Owens, que operava uma máquina de enriquecimento de urânio.

Naquela época, mesmo a palavra "urânio" raramente era usada, sendo substituída frequentemente por "tuballoy" (uma espécie de liga).

"Fui recrutado diretamente da faculdade como químico júnior. Fui recebido por um homem que vestia terno de três peças, que nos disse que trabalharíamos com urânio e que essa seria a última vez que ouviríamos ou pronunciaríamos essa palavra", contou Bill Wilcox, 84 anos.

Agora cidadãos americanos podem visitar partes da usina original. Oak Ridge foi o primeiro reator nuclear plenamente funcional do mundo.

Um tour de 2,5 horas para 24 visitantes, que acontece uma vez por dia, é aberto apenas a cidadãos americanos. O Departamento de Energia opera uma instalação nuclear e de pesquisas de alta tecnologia no local, onde é feito trabalho de segurança nacional.

O passeio é tão procurado que existe uma lista de espera para lugares. Turistas de 46 Estados já visitaram o local. Os visitantes aprendem sobre as missões passadas e presentes da instalação.

Foi de Oak Ridge que saiu o urânio que serviu de combustível para a bomba apelidada de "Little Boy", que devastou Hiroshima, segundo Judd Brown, gerente de exposições do museu em Oak Ridge.

Indagado se ele lamenta sua participação na construção da primeira bomba nuclear usada no mundo, Wilcox respondeu que houve muitas mortes de ambos os lados.

"Ajudamos a pôr fim à guerra mais terrível da história", disse ele.

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