Muita gente já viu um amigo de ascendência asiática ficar vermelho depois de tomar cerveja. O rubor é causado por uma enzima inativa no fígado. O que poucas pessoas sabem é que, além do efeito cromático, o consumo de álcool por quem possui a mutação aumenta cem vezes o risco de câncer do esôfago.
Diante do problema, o NIH - agência norte-americana de saúde - resolveu investir um bom dinheiro para descobrir alguma substância capaz de reativar a enzima ALDH2. Ontem, a revista científica "Nature Structural and Molecular Biology" publicou um artigo para descrever a estrutura do composto tão esperado, batizado de Alda-1.
Kenneth Warren, do NIH, afirma que a agência continuará apoiando pesquisas para levar a descoberta das bancadas do laboratório às estantes das farmácias. "Terá um grande impacto na saúde pública", disse. Cerca de um bilhão de pessoas no mundo têm a forma inativa da ALDH2. A maioria vive no leste asiático, onde 40% da população possui a enzima defeituosa.
Metabolismo
Depois de ingerido, o álcool desce ao intestino, de onde passa para o sangue. Chega a quase todos os tecidos do corpo e, por fim, é filtrado no fígado. O órgão transforma-o em acetaldeído e depois, em ácido acético. A ALDH2 coordena este processo. Nas pessoas com a enzima inativa, esta conversão ocorre de forma muito lenta, o que causa acúmulo do acetaldeído, que, além de rubor e mal-estar, pode causar danos ao material genético das células, levando ao aparecimento de tumores. Ela também já foi associada a doenças neurodegenerativas.
A molécula recém-descoberta Alda-1 liga-se à estrutura da ALDH2 inativa e repara seu funcionamento. A enzima se torna capaz, novamente, de converter o acetaldeído cancerígeno no inócuo ácido acético. A descoberta foi feita por pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Stanford, coordenados por Daria Mochly-Rosen.
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