O cientista sul-coreano Hwang Woo-suk, acusado de fraudar pesquisas com células-tronco, afirmou na terça-feira ter gastado grande parte das doações recebidas do setor privado tentando, sem sucesso, clonar mamutes, membros extintos da família dos elefantes.

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Hwang, antes considerado um herói nacional, foi indiciado em maio sob a acusação de fraude e desvio de verbas após promotores terem-no apontado como o idealizador de um plano para dar a entender que sua equipe havia conseguido produzir linhagens de células-tronco a partir da clonagem de embriões humanos.

Na terceira audiência realizada em Seul, o cientista disse que sua equipe havia recebido em 2005 uma doação 1 bilhão de wons (US$ 1,05 milhão) do poderoso grupo empresarial SK Group, da Coréia do Sul, e que o dinheiro havia sido usado para "atividades periféricas relacionadas com a pesquisa".

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Quando um promotor perguntou a Hwang se o dinheiro tinha sido depositado em uma conta aberta no nome dele, o cientista não negou ser o responsável pela manobra, mas afirmou:

- Eu cuidava desse dinheiro separadamente.

Hwang também disse ter usado o nome de sete membros novatos de sua equipe para abrir contas correntes.

O cientista controlava o dinheiro e usou parte dele para clonar tigres, pagar pelos custos de moradia de um cientista iniciante, patrocinar a viagem de membros da equipe e pagar pelo casamento de um cientista.

- Nós obtivemos tecidos de mamute em geleiras e tentamos, por três vezes, cloná-los. Mas não tivemos sucesso - afirmou Hwang.

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O sul-coreano também admitiu ter sacado, em diversas vezes, dezenas de milhares de dólares em dinheiro, de diferentes agências bancárias, e ter carregado esses montantes em uma pasta na qual mantinha suas roupas de pesquisador.

Segundo Hwang, "parte desse dinheiro foi usado em um assunto altamente confidencial".

Em fevereiro, o Quadro de Auditorias e Inspeções da Coréia do Sul disse em um relatório que mais de 1,8 bilhão de wons doados pela iniciativa privada haviam sido depositados nas contas de Hwang e que o cientista tinha feito saques para fins outros que não o de realizar pesquisas.

Na terça-feira, Hwang pediu desculpas novamente pela fraude cometida no caso, mas disse ter sido induzido por cientistas mais novos a acreditar que a equipe havia obtido avanços importantes.

- Eu peço desculpas cem vezes devido aos problemas que causei. Mas fui enganado e enganei. Estou triste com isso como qualquer outra pessoa - afirmou.

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Na audiência anterior, realizada no dia 4 de julho, Hwang admitiu ter inventado alguns dados constantes de um "estudo" revolucionário sobre as pesquisas com células-tronco.

Um painel de investigação da Universidade Nacional de Seul, onde o cientista antes trabalhava, afirmou que a equipe dele inventou dados centrais de dois textos sobre células-tronco embrionárias primeiro considerados históricos, mas depois desmascarados.

Promotores sul-coreanos acusaram Hwang de fazer mau uso de e de desviar 2,8 bilhões de wons recebidos de fundos públicos e do setor privado. Hwang também foi acusado de violar as leis de bioética devido à forma como obteve os óvulos humanos usados nas pesquisas.

O mau uso de fundos públicos pode ser punido com uma pena de até 10 anos de prisão. A violação das leis de bioética conta com uma pena de até três anos de prisão, afirmaram promotores.

As pesquisas de Hwang alimentaram esperanças no mundo todo porque pareciam cumprir uma promessa envolvendo o trabalho com células-tronco embrionárias -- os cientistas esperam, um dia, conseguir fabricar essas células para recuperar partes doentes do corpo e tratar de males como a diabete.

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Os dois artigos publicados pela equipe dele e depois retirados de circulação tratavam da primeira produção de embriões humanos clonados para fins de pesquisa e da produção de células-tronco embrionárias a partir do material de pacientes adultos.

Os artigos foram publicados em 2004 e 2005, respectivamente.