Um cientista nuclear iraniano que Teerã afirma ter sido sequestrado por espiões dos Estados Unidos no ano passado se refugiou na seção iraniana da embaixada do Paquistão em Washington, informou hoje a imprensa estatal do Irã. "Shahram Amiri, o especialista iraniano sequestrado, se refugiou na seção de interesses do Irã em Washington horas atrás", publicou o site da televisão estatal do Irã. O veículo de imprensa acrescentou que ele pediu "um rápido retorno a Teerã".
A agência estatal iraniana IRNA citou uma "fonte informada" do Ministério das Relações Exteriores do Irã afirmando que seus funcionários haviam "contatado a seção de interesses iranianos em Washington, que confirmou o relato de que Shahram Amiri havia se refugiado ali". Os interesses do Irã nos EUA são gerenciados pela embaixada do Paquistão, já que Teerã e Washington não têm laços diplomáticos há mais de três décadas.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Paquistão afirmou, em Islamabad, que ele soubera que funcionários iranianos estavam tomando os passos para a repatriação do cientista. Funcionários do Departamento de Estado dos EUA ainda não comentaram o caso.
Funcionários iranianos argumentavam que Amiri havia sido capturado por agentes norte-americanos no ano passado, na Arábia Saudita, após ele chegar para uma peregrinação muçulmana. O Irã na semana passada afirmou ter enviado "provas" à embaixada suíça de que Amiri havia sido capturado por agentes dos EUA.
A embaixada da Suíça cuida dos interesses norte-americanos em Teerã. O Irã já convocou pelo menos duas vezes o embaixador suíço em Teerã para tratar do caso do cientista e exigia a repatriação de Amiri e de outros dez cidadãos iranianos que estariam detidos ilegalmente em território norte-americano.
CIA
Em 29 de junho, a televisão iraniana divulgou um vídeo de um homem que afirmava ser Amiri dizendo que ele havia conseguido escapar das mãos dos agentes na Virgínia. "Eu posso ser preso de novo a qualquer momento por agentes dos EUA (...) Eu não estou livre e não posso contatar minha família. Se algo acontecer e eu não voltar vivo para casa o governo dos EUA será responsável", afirmou ele, dizendo que não havia "traído" seu país. Funcionários norte-americanos afirmaram que as declarações veiculadas pela mídia iraniana eram falsas.
Amiri desapareceu em junho de 2009 após chegar à Arábia Saudita para uma peregrinação. Em março, a rede norte-americana ABC afirmou que Amiri estava trabalhando para a norte-americana Agência Central de Inteligência (CIA). A ABC afirmou que agentes dos EUA disseram que a deserção do cientista foi "um golpe de inteligência" nos esforços para minar o controverso programa nuclear iraniano. Os EUA temem que o Irã busque secretamente produzir armas nucleares, mas Teerã diz ter apenas fins pacíficos. As informações são da Dow Jones.
- Participação do Brasil é incerta nas negociações com Irã
- Irã está mais perto de fazer bomba nuclear, diz Rússia
- Irã diz que produziu 20 kg de urânio enriquecido a 20%
- Irã "irracional" não pode obter armas nucleares, diz Netanyahu
- Irã anuncia teste final em usina nuclear
- Irã admite que as sanções da ONU podem atrasar seu programa nuclear
Deixe sua opinião