Pesquisadores do Parque da Caverna Postojna, na Eslovênia, aguardam ansiosos pelo nascimento de uma nova geração de “dragões bebês”. Trata-se de uma ninhada de proteus, uma rara salamandra cega que habita zonas escuras de cavernas no Sul da Europa. O animal albino também é conhecido por habitantes locais como “peixe humano”, por causa da semelhança de sua pele com a de humanos. Animais da espécie vivem por até cem anos, mas se reproduzem apenas uma vez a cada década, o que torna o evento tão especial. E é a primeira vez que a reprodução é observada no habitat natural, fora de laboratórios.
“Isso é algo verdadeiramente extraordinário”, disse o biólogo Saso Weldt, que trabalha na caverna Postojna, em entrevista ao “Guardian”. “Ninguém nunca presenciou a reprodução na natureza. Nós nem vimos espécimes com menos de dois anos”.
O primeiro ovo do “dragão bebê”, como o proteus também é chamado, foi notado no dia 30 de janeiro por guias em um dos aquários do parque. Desde então, a fêmea pôs outros 56 ovos. De acordo com pesquisadores, os ovos ainda estão no primeiro estágio do desenvolvimento, que deve durar cerca de 120 dias. Para tentar garantir o sucesso de desenvolvimento dos filhotes, os cuidadores tentaram remover outros animais do aquário, mas nem todos foram retirados.
“Infelizmente, o interesse nos ovos não é apenas dos visitantes da caverna, mas de outros habitantes: anfípodes de cavernas, pequenos crustáceos, que veem os ovos de proteus como guloseimas e persistentemente tentam alcançá-los”, afirmou o parque, em comunicado. “Isso mostrou habilidades incríveis, quase sobrenaturais do proteus e o instinto maternal. Apesar da falta de visão, o proteus conseguiu afastar todos os intrusos”.
Há dois anos, uma fêmea de proteus também pôs ovos em um aquário no parque, mas eles foram devorados por outros habitantes da caverna. Então, desta vez, cuidados adicionais estão sendo tomados. Visitantes não são permitidos a se aproximarem da futura mamãe dragão para que ela não se estresse com o barulho e flashes de câmeras, mas eles podem acompanhar o desenvolvimento dos ovos em vídeo captado em tempo real por uma câmera infravermelha.
As imagens também servem para os dois biólogos do parque acompanharem o que acontece no aquário. Eles também fazem três visitas diárias para observara de perto a situação da ninhada.
“Os proteus não são muito bem-sucedidos em termos de reprodução”, disse Weldt. “Nós fizemos tudo o que pudemos, agora resta esperar”.