A experiência no Cern arrancou aplausos dos 80 cientistas presentes na sala de acompanhamento no complexo do centro de pesquisa, na fronteira entre a França e a Suíça| Foto: AFP
Imagens do monitor das colisões. Ela foi o ponto alto até agora do experimento de 10 bilhões de francos suíços (9,4 bilhões de dólares) que prosseguirá durante anos
Colisor de pastículas pode recriar condições existentes no momento do
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Cientistas do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern) provocaram colisões entre partículas subatômicas batendo outro recorde de energia nesta terça-feira, recriando as condições existentes logo depois que o Big Bang deu origem ao universo há 13,7 bilhões de anos.

A experiência no Cern arrancou aplausos dos 80 cientistas presentes na sala de acompanhamento no complexo do centro de pesquisa, na fronteira entre a França e a Suíça.

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"Isso acaba de mostrar o que podemos fazer ao pressionar o conhecimento avante sobre onde viemos e como o universo inicial se desenvolveu", afirmou o diretor-geral do Cern, Rolf Heuer.

As colisões --o ponto alto até agora do experimento de 10 bilhões de francos suíços (9,4 bilhões de dólares) que prosseguirá durante anos-- marcaram um avanço significativo para os físicos e poderiam ser vistos como um passo gigante para a humanidade, afirmou ele, falando em uma videoconferência a partir de Tóquio, no Japão.

O Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês) do Cern, o maior equipamento do tipo do mundo, lançou feixes de partículas numa energia de colisão recorde de 7 TeV (tera ou trilhões de elétron-volts) --três vezes e meia mais rápido do que anteriormente obtido num acelerador de partículas.

PASSO PARA O DESCONHECIDO

Os dados provenientes das colisões ao longo dos próximos anos serão analisados por milhares de cientistas por todo o mundo ligados por uma rede de computador conhecida por Grid (grade) para se ter insights sobre a natureza da matéria e as origens das estrelas e dos planetas.

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"Este é um grande feito. Estamos indo aonde ninguém jamais esteve antes. Abrimos um novo território para a física", disse à Reuters Oliver Buchmueller, um dos principais nomes do projeto.

"Há incógnitas conhecidas, como a matéria escura e novas dimensões sobre as quais esperamos aprender. Mas é possível nos depararmos com incógnitas desconhecidas que poderiam ter uma importância enorme para a humanidade. Com o LHC, temos a ferramenta de que precisamos."

As colisões ocorreram uma nanofração de segundo a menos que a velocidade da luz no túnel de 27 quilômetros do LHC, que fica cerca de cem metros abaixo da superfície.

Os cientistas do Cern esperam que o projeto desvende alguns dos mistérios do cosmos --como a matéria foi convertida em massa depois da bola de fogo do Big Bang e o que é a matéria escura, ou invisível, que forma cerca de 25 por cento do universo.

"Ao longo de 2010 e de 2011 compilaremos os dados e esperamos fazer grandes descobertas", afirmou Buchmueller à Reuters. "Acreditamos que, até o fim de 2010, encontraremos evidência da matéria escura e a confirmação de que ela está lá e o que ela é."

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Buchmueller disse acreditar que a experiência encontre a partícula hipotética conhecida como bóson de Higgs apenas depois de 2013, quando a energia das colisões do equipamento deverá chegar a 14 TeV.

Após um funcionamento-teste sem problemas durante a noite, os físicos notaram um pequeno defeito. Por isso, suspenderam por algumas horas as colisões de partículas com menor energia, que é o foco desta que é a maior experiência científica da história.

Os problemas surgiram ao amanhecer, na hora em que feixes de partículas eram injetados na máquina, mas funcionários do Cern rapidamente negaram que o defeito fosse uma repetição do grave incidente de setembro de 2008, que destruiu parte da máquina e adiou para agora o lançamento completo do projeto.