Os fósseis de uma fêmea com cerca de 30 anos de idade e um garoto com cerca de 13 que morreram ao cair em um fosso de 50 metros, possivelmente no meio de uma tempestade, revelam um novo ancestral da espécie humana. Batizada de Australopithecus sediba, trata-se de uma espécie de hominídeo que revela dados inéditos de um período da história até hoje carente de vestígios fósseis. Os achados ocorreram no sítio de Malapa, na África do Sul, uma região rica em cavernas que é revirada pela ciência desde 1935.
Os cientistas Lee Berger e Paul Dirks, ambos da Universidade Witwatersrand, em Johannesburgo, descobriram os primeiros esqueletos em agosto de 2008. Contaram com sorte de criança: Matthew, filho de Berger com apenas 9 anos à época, foi o primeiro a achar um pedaço (a clavícula) do antepassado humano. Berger, que fez pós-doutorado só para estudar clavículas, percebeu na hora que estava diante de uma grande descoberta para a paleoantropologia.
Tanto a fêmea quanto o adolescente têm cerca de 1,30 metro. Com os ossos da dupla, os cerca de 60 cientistas envolvidos na escavação localizaram uma grande quantidade de fósseis de animais em um estado de conservação inédito.
Os australopitecos do latim australis, "do sul", e do grego pithekos, "macaco") formam um gênero de diversos hominídeos extintos, bastante próximos aos do gênero Homo. O Australopithecus africanus, datado em 2,5 milhões a 2,9 milhões de anos, tem sido considerado o ancestral direto do gênero Homo (das espécies Homo habilis, Homo rudolfensis e Homo erectus, nessa ordem). Agora, o Au. sediba, datado em 1,78 milhão a 1,95 milhão de anos, se candidata a ocupar esse posto.
Os artigos "Australopithecus sediba: a New Species of Homo-like Australopith from South Africa" e "Geological Setting and Age of Australopithecus sediba from Southern Africa" serão publicados na edição de sexta-feira (9) da revista "Science".