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Ciência

Cientistas descobrem gene que determina tamanho de cães

Um único gene torna alguns poodles pequenos como bolsas de mão e faz com que dogues alemães consigam olhar um pônei de igual para igual, afirmaram cientistas norte-americanos na quinta-feira.

A descoberta pode ajudar a explicar as diferenças de tamanho e algumas doenças presentes nos seres humanos. Os cães variam muito de tamanho, mais do que qualquer outro mamífero. A chave para essas diferenças parece ser uma variante do gene de crescimento IGF1, afirmaram os pesquisadores na edição desta semana da revista Science.

"Descobrimos que o IGF1 é um regulador mestre para determinar o tamanho do corpo de cães domésticos", afirmou Nathan Sutter, do Instituto Nacional de Pesquisa sobre o Genoma Humano, um dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA. Sutter foi um dos coordenadores da pesquisa.

Todos os cachorros pequenos do estudo compartilhavam uma pequena parte do DNA que reduzia a atividade do gene IGF1, descobriu a equipe de 21 cientistas. Cães de tamanho médio ou grande, não.

A descoberta é importante porque o IGF1 - fator 1 de crescimento semelhante à insulina - é encontrado em todos as raças de cachorro e em outras espécies de animais, entre as quais a humana. "Para muitos genes que encontramos nos seres humanos, há uma contraparte nos cães," afirmou Sutter.

Ao entender como os genes controlam o tamanho do corpo dos cães, os pesquisadores acreditam que poderão compreender o mecanismo que determina o tamanho do esqueleto humano.

A pesquisa também pode ajudar a entender melhor o papel dos genes em doenças como o câncer, no qual há problemas na capacidade de regular as células de crescimento.

"Se pudermos montar um vocabulário para a determinação do tamanho corporal dos cães, estaremos no caminho para compreender doenças complexas que atingem não apenas os cães, mas também os seres humanos," disse Sutter.

Os cães domésticos mudaram muito desde que surgiram a partir do lobo cinzento, 15 mil anos atrás. Anos de reprodução controlada produziram gigantes como o mastiff, que pode pesar mais de 91 quilos, e animais minúsculos como o chihuahua, que não pesa mais de 2,7 quilos.

INÍCIO DA PESQUISA

A pesquisa começou com um cachorro chamado Georgie, um cão d'água português de propriedade de K. Gordon Lark, da Universidade de Utah e um dos co-autores do estudo.

Quando Georgie morreu devido a uma doença auto-imune, Lark procurou um animal para substituí-lo e acabou descobrindo que a raça era ideal para realizar um estudo genético porque possui uma grande variedade de tamanhos.

Lark e outros cientistas deram início ao "Projeto Georgie", procurando pelo DNA responsável pela diferença de tamanho verificada nessa raça, cujos membros pesam de 11 a 35 quilos.

O pesquisador e seu colega Kevin Chase, também da Universidade de Utah, reuniram amostras de DNA e dados sobre o tamanho de mais de 500 cães d'água portugueses. Eles suspeitaram do IGF1 porque o gene produz um fator de crescimento.

Utilizando esse material, Sutter e seus colegas isolaram um trecho do DNA, onde fica o IGF1, e que também tinha relação com o tamanho dos animais. "O IGF1 é um gene incrível. Ele aparece em vários lugares. Diferenças na sequência do gene respondem por diferenças no risco de uma pessoa ter ou não câncer de próstata," afirmou Sutter.

A fim de confirmar a ligação entre o gene e o tamanho dos cães, o instituto ampliou o estudo, incluindo 526 cães de 14 raças pequenas, entre as quais o chihuahua, o pomerânia, o Yorkshire e o chin japonês, e de nove raças gigantes como o mastiff, o são bernardo e o wolfhound irlandês.

Ao final do estudo, os pesquisadores tinham analisado o DNA de mais de 3.000 cães de 143 raças.

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