Cientistas encontraram na África fósseis de quase 2 milhões de anos de idade que podem indicar a existência de uma terceira e antes desconhecida espécie de hominídeo antigo. O achado seria uma mostra de que várias linhagens do gênero Homo conviveram por milhares de anos na região que é considerada o "berço" da Humanidade, onde a espécie do homem moderno, o Homo sapiens, evoluiu.

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Até meados do século passado, o consenso entre os cientistas era de que o mais antigo integrante do gênero era o Homo erectus, cujos fósseis com entre 1,3 e 1,8 milhão de anos de idade tinham sido na maior parte encontrados na China e no Sudeste da Ásia. Em 1964, no entanto, o paleontólogo Louis Leakey e sua equipe descobriram na Garganta de Olduvai, na Tanzânia, registros de uma espécie ainda mais ancestral, que batizaram de Homo habilis, numa referência às ferramentas primitivas de pedra encontradas na mesma camada de sedimentos dos fósseis. Com o passar do tempo, mais fósseis foram encontrados na área e em outros sítios próximos até que, nos anos 70, uma nova análise levou à identificação da existência de uma segunda espécie distinta, chamada Homo rudolfensis.

Desde aquela época, no entanto, um crânio com características únicas encontrado em 1972 na região de Koobi Fora, no Quênia, intriga os cientistas. Classificado como KNM-ER 1470, ou apenas 1470, e datado em cerca de 2 milhões de anos, ele era bem maior que os outros, com uma face achatada e sem a projeção maxilar que marca seus contemporâneos. Mas como outros exemplares do tipo não foram encontrados, o mistério perdurou.

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Agora, no entanto as descobertas entre 2007 e 2009 de um fóssil bem preservado do rosto de um jovem e dos restos de duas mandíbulas em um raio de apenas 10 quilômetros de distância de onde o 1470 foi encontrado podem dar uma resposta sobre a origem do crânio. Desenterrados pela equipe de Meave Leakey (ex-mulher de Richard Leakey, filho de Louis), os fósseis, com idades entre 1,95 e 1,78 milhão de anos, se encaixariam com as características do 1470, cujos dentes e mandíbula inferior nunca foram encontrados.

"Os novos fósseis nos dizem pela primeira vez como os dentes e mandíbula inferior do 1470 se pareceriam e nos permite separar a coleção em dois grupos com características claras e distintas", disse Meave, que assina artigo em que descreve a descoberta publicado na edição desta semana da revista "Nature".