Cientistas alemães e britânicos demonstraram pela primeira vez que espermatozóides de proveta criados a partir de células-tronco embrionárias podem ser usados com sucesso na reprodução. A experiência foi feita com camundongos e deu origem a sete filhotes - seis dos quais chegaram à idade adulta.
Na semana passada, um grupo do Centro de Pesquisa em Reprodução Humana Roger Abdelmassih, de São Paulo, tinha anunciado que conseguira criar óvulos e espermatozóides a partir de células-tronco embrionárias de camundongos. O estudo dos britânicos, no entanto, dá um passo além, mostrando que a reprodução é possível.
A pesquisa será fundamental para entender os processos naturais envolvidos na produção de espermatozóides. A tecnologia tem ainda potencial aplicações nos tratamentos da infertilidade masculina.
O estudo foi desenvolvido por especialistas da Universidade de Newcastle, na Grã Bretanha, e da Universidade Georg-August, na Alemanha, e publicado na "Developmental Cell". Os filhotes, porém, apresentaram problemas de saúde, um sinal de que serão necessários ainda anos de estudo antes que a técnica possa ser empregada com segurança em seres humanos.
As células-tronco embrionárias têm o potencial de originar qualquer tecido do corpo e, por isso, são vistas como base em potencial para novos tratamentos. Alemães e britânicos produziram células reprodutivas masculinas em laboratório a partir de células-tronco embrionárias de camundongos. As células-tronco foram cultivadas em laboratório até se tornarem espermatogônias - um dos primeiros estágios de desenvolvimento de um espermatozóide. Ainda em laboratório, essas células foram induzidas ao amadurecimento, transformando-se em espermatozóides. Os cientistas então injetaram os espermatozóides em óvulos, posteriormente transplantados para o útero de fêmeas.
- A pesquisa é particularmente importante para nos ajudar a compreender melhor a espermatogênese, o processo biológico de produção de espermatozóides. E precisamos conhecer o processo muito bem se quisermos chegar à raiz dos problemas de infertilidade - afirmou Karim Nayernia, da Universidade de Newcastle, coordenador do estudo. - Se entendermos melhor como as células-tronco se desenvolvem em espermatozóides, esse conhecimento pode ser usado em tratamentos da infertilidade de homens que não conseguem produzir células reprodutivas maduras. O especialista frisou que para que o tratamento esteja disponível para homens ainda serão necessários muitos anos de estudo.O estudo também pode ser importante em um outro campo da pesquisa sobre célula-tronco: o da transferência nuclear ou clonagem terapêutica. Um dos objetivos dessa linha de estudo também é obter, a partir das células-tronco, células sob medida para o tratamento de diversas doenças e também da infertilidade.
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