Cientistas anunciaram a descoberta do primeiro gene que reconhecidamente influencia o crescimento dos seres humanos. Segundo os pesquisadores da universidade americana de Harvard e das britânicas Oxford e Peninsula Medical School, pessoas que carregam duas cópias da versão "alta" do gene HMGA2 seriam até 1 centímetro mais altas do que as que levam duas cópias da versão "baixa" dele.
A pesquisa analisou o genoma de 5 mil europeus brancos que haviam cedido material genético para estudos sobre diabetes e doenças cardíacas. Então, descobriu que uma pequena alteração no HMGA2 tinha impacto na altura dos indivíduos estudados. A descoberta foi, em seguida, confirmada a partir da análise dos dados de outros 30 mil pacientes, conforme explica artigo publicado na revista "Nature Genetics".
Cerca de 25% dos europeus brancos carregam duas cópias da versão "alta" do gene - proporção semelhante à daqueles que têm as versões "baixas". Possuir apenas uma cópia da versão "alta" acresce cerca de 0,5 centímetros à altura do indivíduo.
"Logicamente, os resultados não explicam por que uma pessoa terá 1,92 cm e outra 1,45 cm", observou Tim Frayling, pesquisador da Peninsula Medical School. "Trata-se apenas do primeiro [gene que influencia o crescimento] de muitos que serão descobertos".
Apesar de não explicar as variações de altura de toda a população, o estudo pode ser a chave na compreensão da relação entre altura e determinadas doenças como o câncer e o diabetes. Isso porque, estatisticamente, pessoas mais altas tendem a sofrer mais de problemas da bexiga e câncer do pulmão. Em compensação, os mais baixos são mais susceptíveis a ataques cardíacos.
"Como a altura é uma característica complexa, que envolve vários fatores genéticos e não-genéticos, a descoberta nos fornece dados valiosos sobre a estrutura genética de outras características complexas, como diabetes, câncer e outras doenças comuns", afirmou o professor Joel Hirschhorn, da universidade de Harvard.
"Apesar de uma melhor nutrição fazer com que as gerações sejam sucessivamente mais altas, a variação de altura numa população é quase totalmente influenciada pelos nossos genes", disse Frayling. "Se combinarmos este fato à facilidade que temos em medir a altura, esta pode vir a funcionar como modelo, permitindo explorar a influência do genoma no nosso desenvolvimento geral, não apenas no que diz respeito a doenças".
"Ao definir os genes que normalmente afectam a estatura, podemos ser capazes um dia de dizer aos pais que uma criança tem a altura certa, de acordo com o previsto pelos seus genes em vez de se tratar da consequência de uma doença", disse Joel Hirschhorn.