Pesquisadores franceses anunciaram no domingo a descoberta, numa paciente camaronesa, de um vírus semelhante ao da Aids e originário de gorilas.
A mulher passa bem, não tem sintomas da Aids e provavelmente foi contaminada por outra pessoa, e não por um gorila, segundo os pesquisadores.
A descoberta, publicada na revista Nature Medicine, sugere que este recém-descoberto vírus dos gorilas está circulando entre pessoas.
"Identificamos um novo vírus da imunodeficiência humana (HIV) numa camaronesa. Ele é estreitamente relacionado com o vírus da imunodeficiência símia (SIV) dos gorilas, e não demonstra sinais de recombinação com outras linhagens do HIV-1 ou com o SIV de chimpanzés", escreveram Jean-Christophe Plantier, da Universidade de Rouen, e seus colegas.
A paciente de 62 anos foi diagnosticada em 2004, logo depois de se mudar de Camarões para Paris. Um sequenciamento genético de rotina no vírus demonstrou que ele não se parecia com nenhuma outra amostra do vírus da Aids. O mistério só foi esclarecido ao se comparar o vírus da paciente com o SIV dos gorilas, descoberto apenas em 2006.
Acredita-se que o vírus da Aids tenha se originado em chimpanzés e contaminado inicialmente pessoas que caçavam e comiam esses animais, a espécie viva geneticamente mais parecida com os humanos.
Em menos de três décadas, a doença matou 25 milhões de pessoas e contaminou outras 33 milhões. Não há cura, apenas formas de controle paliativo.
A paciente camaronesa, que é viúva, não teve contato direto com gorilas, mas relata ter tido vários parceiros sexuais após a morte do seu marido. Ela se lembra de ter estado doente uma vez.
Quando as pessoas são contaminadas com o HIV, costumam ter febre ou uma doença passageira, mas raramente percebem do que se trata. O diagnóstico habitualmente só é feito depois, quando o vírus começa a destruir o sistema imunológico.
"Nossas descobertas indicam que os gorilas, além dos chimpanzés, são fontes prováveis do HIV-1", escreveu a equipe de Plantier. "A descoberta desta nova linhagem do HIV-1 salienta a contínua necessidade de acompanhar de perto a emergência de novas variantes do HIV, particularmente na África centro-ocidental, origem de todos os grupos do HIV-1 existentes."
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